Estamos na era do “miga sua louca”, mas quando aparece um louco de verdade, ninguém sabe como lidar.
Estamos na era em que estamos conectados o tempo todo e, estranhamente, nunca presentes.
Estamos na era em que mais falamos de inclusão, e muitas vezes demonstramos isso excluindo outros.
É o momento histórico em que parece ser proibido falar “não” para as crianças, em que dizer que ela fez o melhor mas não ganhou é impensável. Temos prêmios de participação, prêmios de consolação, tantos que quem ganhou de verdade nem sente que o esforço valeu a pena.
Vivemos o período em que crianças são reis a serem preservados de qualquer frustração e nos surpreendemos quando as que cresceram matam por ouvir uma negativa contra sua vontade.
Vemos o mundo através duma tela, mesmo quando temos a oportunidade de vivenciar o momento único com nossos próprios olhos. Gravamos vídeos que não vamos assistir e postamos apenas para mostrar que fizemos. Likes estão valendo mais do que as sensações em nosso coração.
Temos todo conteúdo a um toque do dedo e só queremos consumir mais e mais indiscriminadamente, classificando como “gostei”, “não gostei”. Sem segundo olhar, sem análise profunda, sem estabelecer relações. Imagens e falas que vão morrer em nossa mente porque os quisemos apressados e não fez sentido guardarmos sua sabedoria.
Estamos no tempo em que todos temos direitos, em que raramente lembramos dos deveres e qualquer cobrança de responsabilidade é um tolhimento à liberdade.
Queremos pronto sem fazer, resultados sem esforço e sonhos realizados só porque comentamos a respeito em uma rede social.
Tudo é chato se precisa de concentração. Tudo entedia se não for como quero. E pouco a pouco negamos nossa chance de conhecer, expandir e descobrir que as coisas mais interessantes são feitas por um processo complexo, que precisamos de tempo e atenção.
É o momento em que ninguém é obrigado a nada e que saber fazer as coisas mais básicas e necessárias do cotidiano parece ofensa.
Vivemos o tempo em que nada vale a pena guardar na cabeça porque em dois cliques eu chego à informação que quero, e as tradições se perdem e somem. Esquecemos quanto vale uma receita de biscoito passada de geração em geração.
Estamos no momento em que as ferramentas nos economizam mais tempo. E no tempo que sobra utilizamos mais ferramentas para sermos mais rápidos para fazer mais coisas.
Não sobra tempo livre e qualquer ócio que não seja gasto na internet nos entedia. Sobra mais tempo para não ter tempo.
Temos pressa para tudo, queremos respostas imediatas, fazemos tudo sem pensar… E depois não entendemos porque estamos ansiosos, aflitos, doentes e em pé de guerra com todo mundo. Falta o tempo para pensar duas vezes e deixar aquela discussão para amanhã, com ânimos calmos.
Dormimos pouco e estamos sempre cansados. Industrializamos tudo para agilizar e o gosto das coisas se perde pouco a pouco nas latas, no micro-ondas, nos três minutos.
É tempo em que seguidores são poder, mas que não passam de números numa plataforma para vender. E que fazem não mais do que gritar em caixas de comentário.
Temos pressa e nem sabemos para onde vamos.
Vivemos o momento em que os novos olham com certo desprezo os mais velhos, esquecendo que, mesmo que não sejam tão acostumados com algumas coisas, foram eles que criaram o mundo em que vivem hoje. Com suas imperfeições, mas com o que há de bom também.
Muita gente quer falar, poucas se propõem a ouvir. O bate-papo se perde pouco a pouco em frases prontas e sem criatividade que “lacram”. Boca cheia de palavras e pessoas cada vez mais vazias por dentro.
Fala-se em meritocracia e os que a pregam receberam indicações por serem filhos da pessoa certa. Mérito por nascer no lugar correto…
Estamos no tempo de nos revoltarmos com tudo e agirmos para nada.
Reclamamos de Deus em todas as suas formas, pois o Estado é laico, e vivemos o momento em que um babaca é mito, qualquer pintura de cabelo torna uma pessoa “maravilhosa”, e que falar gritando sobre qualquer pseudocausa é “ter atitude” e ser foda!
Vivemos o momento em que sonhamos sem nos movermos para realizar.
Estamos no momento em que não estamos.
Vivemos o momento em que nem sabemos o que é vida. Mas procuramos no YouTube se precisar…
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