Renan De Simone

Indústria 4.0 deve receber investimentos anuais de quase US$ 1 tri até 2020, segundo pesquisa da PwC (agosto/2017)

“Em nível global, as empresas vão injetar US$ 907 bilhões por ano até 2020 na Indústria 4.0. As empresas brasileiras não fazem grandes investimentos atualmente nesse sentido – apenas 10% delas investem mais de 8% de sua receita. Mas até 2020 a tendência é que 21% dessas organizações passem a realizar investimentos desse porte”. Isso é o que sugere pesquisa realizada pela PwC (PricewaterhouseCoopers) com mais de dois mil executivos de grandes empresas em 26 países, incluindo o Brasil.

O material foi apresentado por Rodrigo Damiano, diretor da consultoria, que esteve em evento sobre o tema na Amcham (American Chamber of Commerce for Brazil, Câmara Americana de Comércio para o Brasil, na tradução livre) ao lado de outros executivos e lideranças de diversos setores, debatendo sobre as alterações que a chamada 4ª Revolução Industrial terá nos negócios.

Em resumo, Indústria 4.0 é o nome dado às transformações que ocorrem nas empresas no processo de “digitização” de grande parte de seus ativos, o que engloba tecnologias para automação e troca de dados, e utiliza conceitos de sistemas ciberfísicos, IoT (Internet das Coisas, na sigla em inglês), inteligência artificial avançada, robótica, big data, analytics e computação quântica, cognitiva e em nuvem, entre outros.

De acordo com Damiano, a “digitização” levará a grandes saltos de desempenho nos quais as empresas que implementarem a 4ª Revolução Industrial poderão obter ganhos simultâneos de eficiência, receita e custos, sem precisar optar por apenas um deles. “Além disso, as relações digitais serão mais profundas com consumidores, pois eles têm mais poder, estão no centro das mudanças nas cadeias de valor e demandarão mais e mais produtos, sistemas e serviços personalizados”.

Para João Alfredo Saraiva Delgado, diretor de Tecnologia da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), essa revolução traz uma mudança social profunda, inclusive nas relações de trabalho e entre as pessoas.

E são exatamente essas últimas que serão o foco das preocupações das organizações, segundo a pesquisa apresentada, ao lado da cultura e segurança para impulsionar a transformação. “Os executivos disseram que seu maior desafio não é a implementação da tecnologia, e sim a falta de cultura digital e de habilidades em suas organizações”, conta Damiano, ou seja, o processo passará pelo preparo e educação de pessoas.

Confiança em tecnologia e pessoas

Uma intensa capacidade de análise de dados (analytics) e confiança digital são a base para que a nova indústria se estabeleça, “o big data sem análise não adianta, portanto, deve-se ter integração de sistemas, pois atualmente existem ilhas isoladas de informação. Na integração de dados e análise é que reside o grande ganho da Indústria 4.0”, diz Marcio Mariano Jr., CEO da Forsee (empresa especializada em automação e internet industrial), uma vez que tais dados devem ser coletados o tempo todo, eles precisam ser integrados e estar disponíveis para a análise qualitativa, utilizando o analytics para apoiar a tomada de decisões preditivas e prescritivas.

Infelizmente, as empresas brasileiras afirmam não ter, hoje, recursos avançados de analytics, mostra a pesquisa.

O estudo da PwC constata, ainda, que o maior foco dos investimentos estará em tecnologias digitais, de sensores a softwares. Uma vez que a tecnologia já está disponível, “o problema no futuro não será a falta de emprego, mas a falta de capacitação adequada se não mudarmos, hoje, o processo de educação”, pontua Delgado.

Damiano ressalta ainda que o levantamento da PwC revela que a maioria das empresas brasileiras (63%) considera que o retorno do seu investimento ocorrerá em até dois anos. “Ou seja, as mudanças já estão em andamento”.

Para saber mais a respeito do assunto leia também: Seis passos para a Indústria 4.0

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Matheus Medeiros. Publicado pelo site do SindiEnergia Comunica.

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