Renan De Simone

Cenário é otimista, mas recuperação será lenta, afirma ministro no 27º Congresso & Expo Fenabrave (agosto/2017)

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, esteve no 27º Congresso & Expo Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em 08/08, na capital paulista, palestrando sobre o cenário econômico brasileiro e a respeito das reformas em curso. Ainda no mesmo evento, Mario Mesquita, economista chefe do Itaú Unibanco, apresentou as perspectivas da instituição para o país.

Cenário otimista

Meirelles aponta que o cenário é otimista, pois alguma melhora já pode ser vista, apesar de admitir que ela é lenta e sobre uma base muito fraca.

O ministro ressalta que apesar de grande parte dos setores terem sentido a crise a partir de abril de 2014, a taxa de desemprego passou a aumentar apenas a partir do segundo trimestre de 2015. Ou seja, segundo ele, “há uma reação defasada desse índice, obviamente porque as empresas aguardam um pouco antes de demitir.

Da mesma forma, porém, as organizações demoram a recontratar, ou seja, como a taxa de desemprego começou a cair agora, isso é um bom sinal da retomada da economia já há algum tempo”.

Brasil, uma boa opção

Para Mesquita, os investidores ainda veem o Brasil como uma boa opção e a votação da não aceitação da denúncia contra o presidente da república, Michel Temer, teve bom reflexo para essa visão se consolidar, “inclusive baixando a taxa do chamado risco país”, ressalta.

A sensação de melhora, no entanto, demora um pouco mais a aparecer. De acordo com Meirelles, isso acontece, pois “é a percepção cotidiana de quem consegue encontrar e se estabilizar em um novo emprego ou de um trabalhador que vê pouco a pouco sua empresa contratando mais pessoas e passa a se sentir seguro, é uma retomada lenta desse sentimento, mas vai aparecer”, garante o ministro.

Na visão de Mesquita e do banco que representa, no Brasil, passamos pela pior recessão de nossa história, pior que as dos anos 30 e 80, inclusive. A boa notícia, de acordo com ele, é que ela já está “praticamente no passado”, ou seja, acredita que já a estejamos superando. “Além disso, há mérito por a termos absorvido sem um impacto muito forte no âmbito social, pois ao longo dos anos criamos redes de proteção mínimas para as classes menos favorecidas”.

Ele diz ainda que a inflação baixa aqui é um elemento positivo, aliada à leve redução do desemprego. “Fato é que, em sua maior parte, o aumento foi do emprego informal. Ele é considerado pior do que o emprego formal, obviamente, mas trabalho informal ainda é melhor do que o desemprego”, complementa.

Reformas

Meirelles diz que o governo trabalha em duas frentes: nas reformas estruturais e nas microeconômicas. “No primeiro grupo, temos a aprovação do teto de gastos e a trabalhista, ambas aprovadas; e as da previdência e a tributária, que serão desafiadoras. No segundo grupo temos regulações setoriais; controle fiscal; e redução do spread bancário”, constata.

Mesquita afirma que a visão do Itaú Unibanco é a de que “o governo precisa controlar seus gastos antes de propor uma reforma tributária (tão desejada), fora isso, há o difícil diálogo com estados e municípios sobre essa questão, o que deixa essa reforma mais complexa ainda, em especial porque, nesse momento, o governo precisa de dinheiro”.

O economista do banco ainda pontua que, no Brasil, “cumprir a meta fiscal é possível, mas complexo por dificuldades na aprovação da Reforma da Previdência e frustração de receitas (como concessões que não foram executadas, por exemplo)”.

Futuro numa perspectiva otimista

Quando perguntado especificamente a respeito do setor automotivo, Mesquita diz que a perspectiva é positiva. “Para 2018, projeta-se que as vendas de veículos podem crescer até 7%, considerando-se que a base de comparação também é baixa”, pondera.

Assim como Meirelles, Mesquita acredita que o PIB (Produto Interno Bruto) terá avanço em 2018. O ministro enxerga um cenário em que, mesmo com a retomada do crescimento, “a média será fraca, pois a base de 2016 é baixa, puxando as outras”. A previsão otimista do Ministério da Fazenda é de subida de 3,2% no índice em 2018.

Juros em queda

Apesar de Mesquita acreditar na melhora do cenário, ele coloca que as projeções de sua instituição são mais conservadoras, um crescimento de 2,5% no PIB em 2018. O economista pontua também que o BC (Banco Central do Brasil) deve seguir cortando a taxa de juros, mantendo a Selic baixa.

Além disso, “a liberação de crédito também vai aumentar gradativamente, já que o endividamento das famílias e a inadimplência de curto prazo (de 15 a 90 dias) mostram retração”, de acordo com ele.

A respeito de 2017, o Itaú Unibanco projeta crescimento do PIB em 0,3%; taxa de desemprego na base de 13,4%; taxa Selic em 7,25%; e um superávit primário negativo em 2,4% do PIB.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Juliana de Moraes. Publicado pelo site do Sincodiv-SP Online.

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