Renan De Simone

Eficiência depende de motivação e organização. Gerir com prioridade e propósito é o caminho (maio/2018)

Como ser eficiente em um mundo atarefado, instantâneo e que nos demanda a todo momento?

A resposta, de acordo com o livro Mais Rápido e Melhor, de Charles Duhigg (mesmo autor de O Poder do Hábito), pode ser resumida em motivação e organização, ou seja, prioridade de foco e atuação. É claro que o mundo está em constante mudança e somos obrigados a lidar com elementos inesperados e a imprevisibilidade inerente à vida. No entanto, sem a capacidade de tomar decisões, o trabalho não gera resultados.

Para dar algumas dicas a respeito do tema, o Sincodiv-SP Online preparou, nesta breve série de duas reportagens, um guia prático para colaborar com equipes e gestores quanto às melhores formas de se motivarem, manterem o foco e, consequentemente, gerar resultados. Acreditamos que esses conselhos podem ajudar na vida profissional – e por que não, também pessoal.

Nesta primeira parte, trazemos reflexões que foram baseadas na obra de Duhigg; na segunda, uma entrevista com Kalinka Carvalho, especialista em organização e gestão do tempo. Acompanhe a primeira parte a seguir e não perca o bate-papo com Kalinka na próxima semana.

Como podemos conseguir motivação própria?

– A primeira constatação do autor é que, para se motivar, é necessário se sentir no controle das situações, e a tomada de decisões é o principal elemento nessa fase.

Sabemos que o controle absoluto é uma espécie de utopia que, se perseguida à exaustão, pode facilmente se tornar paranoia. No entanto, a tomada de decisão e assunção do controle das coisas serve muito mais para que você se perceba como um sujeito em sua própria vida e não um objeto.

O sujeito que pratica ações pode atuar mesmo sob condições adversas, já o sujeito que se percebe como objeto apenas sofre ações e se percebe incapaz.

Assim, a decisão que for tomada em si é menos importante do que a reafirmação do controle que vem com ela. Duhigg sugere transformar uma obrigação em uma decisão significativa, e isso fará com que a automotivação surja.

Motivar aos outros

– Para os líderes e gestores, motivar seus profissionais é essencial e, nesse ponto, a dica é enfatizar o esforço em vez de habilidades chamadas “natas”.

Obviamente, os profissionais são contratados por suas habilidades e pelo seu perfil, no entanto, é comum que valorizemos as pessoas pelas suas características sem reconhecermos o esforço exigido para que tal patamar fosse alcançado. Atribuímos a desenvoltura de um vendedor como uma capacidade que “nasceu com ele” ou a perspicácia de uma solucionadora de crises a “uma aptidão natural”.

Por mais que, num curto período de tempo, esse reconhecimento possa ser lisonjeiro, na verdade ele esconde o esforço que tais pessoas, no campo pessoal ou profissional, realizaram de diversas formas para alcançarem determinado patamar de habilidade.

Além disso, segundo o livro, ressaltar capacidades tendo-as como “natas” restringe a visão de aprendizado, como se a pessoa fosse hábil em uma coisa porque “nasceu” com aquele dom e, portanto, por não ter “nascido” com outro, não conseguiria expandir seu leque de aptidões.

Assim, é necessário fortalecer o que o autor chama de lócus de controle (intimamente ligado à motivação, como suscitado acima), recompensando tomadas de iniciativa dos profissionais, o que gerará motivação para ação e aprendizado.

Propósito

– Pergunte-se por quê está fazendo algo, qual é o sentido naquilo?

Quando atribuímos um propósito além do imediato às tarefas, elas ganham uma perspectiva mais ampla, e trabalhar para que você e sua equipe enxergue isso é essencial. Estudar matemática para um aluno em fase escolar, por exemplo, não pode ter como meta passar na prova, mas sim obter um conhecimento que embasará outros e lhe será útil ao longo da vida para poder se realizar como um arquiteto, engenheiro, etc.

Os gestores e líderes que conseguirem revelar as motivações maiores a seus subordinados terão suas atitudes e decisões entendidas como parte de metas e projetos mais amplos e ganharão significado, inclusive motivando o time.

Foco

– Na era da automação, saber administrar o foco nunca foi tão importante.

Cuidado com a restrição cognitiva, quando você está trabalhando em um determinado processo e, de repente, uma “emergência” pipoca, tirando seu foco. É necessário avaliar se aquilo que te retirou do fluxo é realmente uma prioridade ou se tornou uma por conta do “alarme”. Essas coisas podem variar de um e-mail, uma mensagem instantânea ou mesmo alguém que te chame a atenção em um momento inadequado.

Todos esses avisos que temos a todo momento e que podem ser tidos como um “assédio”, tecnológico ou não, são uma armadilha para a atenção e grandes responsáveis da perda de foco e até de interesse, de gestores e geridos.

Uma tarefa que é interrompida diversas vezes gera um resultado, em geral, aquém do esperado (pelo menos em perspectiva do tempo que foi necessário para desenvolvê-la) e desmotiva. Esse círculo vicioso alimenta ainda mais as distrações e leva a uma situação improdutiva e desatenta.

Criatividade

– Não invente a roda

A eterna busca por soluções criativas e novas formas de se fazer as coisas faz muita gente arrancar os cabelos. Pressão sobre o time, estresse, líderes nervosos, tal empreitada gera de tudo. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, Duhigg demonstra que criatividade não está ligada a ideias inovadoras, mas sim à combinação de antigas.

Diversos estudos e análises feitos mostraram que as ideias de maior sucesso não se utilizavam de conceitos inovadores, mas sim de uma combinação nova de conceitos antigos. Portanto, solidez e base não causa engessamento, desde que se propicie um espaço em que combinar conceitos tradicionais possa gerar uma nova maneira de se atuar. Uma dica e tanto aos gestores

Como gerir bem

– Em resumo, o que é ser um bom gestor – seja de si mesmo ou de um time?

Um bom gestor é aquele que se mostra um bom treinador. Ele deve dar autonomia e não tenta controlar tudo a todo instante (mas sim decidir e atuar sobre questões). Acima de tudo, deve-se expressar interesse e preocupação pelo sucesso e bem-estar de seus subordinados, sendo orientado para resultados. Para isso, escuta e compartilha informações, ajuda no desenvolvimento profissional e possui uma visão e uma estratégia claras.

Por fim, sem dúvida alguma, necessita de habilidades técnicas relevantes, mas saber agregar conhecimentos e potencializar as capacidades de sua equipe estão em primeiro plano para colher ótimos resultados.

Na próxima matéria deste especial, não perca a entrevista com Kalinka Carvalho a respeito de organização e produtividade.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Juliana de Moraes. Publicado pelo site do Sincodiv-SP Online.

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