Renan De Simone

Bate-papo com Amyr Klink, navegador e empreendedor – não assumido (agosto/2012)

Quem já ouviu falar em pelo menos uma de suas 15 viagens à Antártica; sua travessia do Atlântico Sul, em 1984, sozinho, num barco a remo; ou mesmo a volta ao mundo que realizou navegando solitário durante 141 dias, diria que Amyr Klink é um aventureiro, mas não é assim que ele se define. “De fato”, conta ele, “como qualquer pessoa, gosto de viajar com conforto e segurança. Não procuro o perigo, só quero descobrir e explorar o mundo”.

Natural de São Paulo (SP), Klink conheceu o contato entre terra e mar muito cedo, quando, na década de 50, seu pai adquiriu propriedades em Paraty (RJ). Ali, pelo difícil acesso à cidade naqueles tempos, a natureza estava preservada de maneira única, inclusive seu porto natural – que atraía muitos navegadores.

Desde pequeno, Klink se encantava com as histórias literárias de grandes navegações, mas quando seus olhos encontraram, em Paraty, aquilo que ele já tinha sonhado através dos livros, não houve mais escapatória.

Hoje, formado em Economia e pós-graduado em Administração de Empresas, Klink capitaneia uma empresa de “soluções inteligentes”, desenvolvendo embarcações e acessórios muito específicos a cada necessidade de navegação dos clientes que o procuram. O navegador também é escritor, com diversas obras publicadas (entre elas: Cem dias entre céu e mar, Mar sem fim e Linha-D’água), e palestrante.

Numa perspectiva crítica e pessoal – em entrevista ao Sincodiv-SP Online – Amyr Klink fala de suas experiências, do mundo corporativo e até mesmo de sustentabilidade. Acompanhe:

Sincodiv-SP Online: Um dos seus primeiros feitos de destaque foi a travessia solitária pelo oceano Atlântico Sul num pequeno barco a remo (em 1984). De onde veio essa ideia e impulso, e como foi o planejamento dessa viagem?

Amyr Klink: Apesar do que alguns dizem, a viagem em si não foi um “grande feito”. Acredito que qualquer idiota consiga remar pelo oceano (risos). O que gosto dessa navegação em particular, e algo de que me orgulho, é do planejamento que fiz.

O impulso para remar partindo da costa africana até chegar na brasileira veio de alguns estudos que eu estava fazendo na época sobre alguns navegadores e aventureiros que falharam ao tentar a travessia, ou que tiveram problemas demais durante. Revendo as viagens, etc., percebi diversos erros e procurei soluções. Quando dei por mim, estava com a viagem toda planejada, prevendo várias situações e possíveis problemas.

Concebi uma embarcação a remo pequena, eficiente e com autonomia para a travessia e, no final das contas, era só embarcar, e foi o que fiz!

Apesar de me orgulhar do planejamento dessa travessia, devo ressaltar que no Brasil nós vivemos uma “febre” de planejamento. Muito se fala em planejar, mas não podemos ficar “presos às nossas escrivaninhas”, acho que faltam empreendedores e pessoas que executem aquilo que tanto pensam.

Sincodiv-SP Online: Você tem formação em Economia e Administração de Empresas e, além de navegador e escritor, é também palestrante e empreendedor. Como é a união dessas áreas?

Amyr Klink: Apesar de ter estudado Economia e Administração, não me considero um profissional em nenhuma dessas áreas. Entretanto, devo admitir que o conhecimento de todas elas contribuiu muito para que eu pudesse fazer o que faço hoje: desenvolver soluções inteligentes e tecnologias para embarcações e etc.

Minha intenção não é ser um construtor de embarcações em massa, mas procuro ideias e soluções que se adequem às mais diversas necessidades e resolvam problemas não convencionais. Desde barcos até tecnologias para navegação e mesmo passando por plataformas flutuantes, etc.

A parte prazerosa deste trabalho é poder utilizar as soluções que desenvolvemos. Atualmente estou com alguns projetos para embarcações motorizadas e é gratificante ver as novas ideias na prática. Fazendo um paralelo rápido com o setor automotivo, hoje não existe nenhum veículo que me agrade por completo. Mesmo os carros elétricos, que seriam uma boa opção a meu ver, têm pouca autonomia e perdem em diversos fatores.

Deve se levar em conta também o fato de que as restrições para a produção de veículos terrestres são muito maiores do que as voltadas para as embarcações, o que deve causar entraves no desenvolvimento de melhores produtos.

Se fôssemos classificar, eu diria que faço hoje veículos especiais, e acho que a indústria automotiva deve buscar o mesmo. Veículos menores, com maior eficiência e segurança.

Sincodiv-SP: Em suas viagens você é obrigado a tomar decisões cruciais, que podem definir o seu destino. Fazendo um paralelo com a liderança corporativa, qual o principal critério a ser pensado na tomada de grandes decisões?

Amyr Klink: Eu, particularmente, não gosto de transformar minhas experiências num corolário de práticas corporativas. Às vezes acho isso um pouco de oportunismo (risos). Entretanto, a questão da liderança é realmente importante. Entre tantas características necessárias, acredito que conhecer muito do negócio onde se atua seja fundamental, mas, mais que isso, estar aberto a aprender novas formas de condução e se adaptar.

Hoje, falta muito ao líder corporativo uma sensibilidade de entender o contexto de sua área de atuação e aprender com outros, não só tecnicamente. Ao contrário do carro, onde há apenas um condutor, os barcos são pensados para uma condução conjunta. Entretanto, pelas minhas experiências solitárias, já vi sobre mim essa prerrogativa de tomar todas as decisões, o que é muito duro, às vezes. O ideal é observar e se lembrar de atividades diversas e saber aprender e se adaptar. Às vezes os produtos e os serviços em si não mudam muito, mas mudam as tecnologias por trás dele ou a forma de concebê-lo.

Sendo bem raso, vamos pensar num molho de pimenta. É um produto praticamente caseiro e artesanal e que não tem muita tecnologia em si, mas sua industrialização exige uma evolução. Ou seja, muitas vezes ficamos muito presos ao produto final, mas a criatividade deve estar presente nos bastidores também.

Quando falo de contexto é importante lembrar que, na “condução” de um automóvel ou de um barco, existem muitas pessoas envolvidas. Desde os engenheiros e projetistas até o vendedor na ponta com o consumidor. Ter um olhar amplo é essencial na liderança.

Sincodiv-SP: Já que passa muito tempo viajando, o que significa o retorno para você, qual é a sensação de aportar, quando está claro que você vive para navegar?

Amyr Klink: As pessoas podem pensar que as grandes viagens e a sua conclusão são muito importantes, mas até mesmo as curtas são gratificantes. Seja numa volta ao mundo ou numa navegação de dois ou três dias, o que importa não é exatamente a chegada ao destino, mas sim o encerramento de todo um processo que nos levou até ali. Desse ponto de vista, o retorno é muito mais prazeroso do que a viagem, até porque a volta (e a esperada conclusão de uma jornada), muitas vezes, significa o início de uma nova.

Quando voltei de uma das minhas viagens (de mais de 20 meses) da Antártica, por exemplo, fiquei feliz com o desempenho da minha embarcação, mas estava determinado a construir uma outra. Uma viagem bem sucedida com um barco não me fez acabar um ciclo e ficar feliz com a experiência apenas, mas me motivou a construir uma nova.

O final determina um novo desafio!

Sincodiv-SP: Qual é o grande diferencial do que você faz?

Amyr Klink: No mundo, hoje, devem existir umas 20 pessoas que fazem o que faço. E que podem ser navegantes até mais experientes (risos). O meu grande diferencial é viajar com equipamentos próprios.

Eu não me considero um cara “outdoor”, que abraça uma marca para fazer aventuras e ganhar dinheiro com isso. Desde o projeto, a logística da viagem, o equipamento de comunicação e etc., tudo é desenvolvido pela minha empresa e equipe. Não é uma vontade de dominar tudo, mas é que as soluções que eu busco não existem prontas para se comprar no mercado.

Estou desenvolvendo um projeto de lanchas, por exemplo, onde as melhores que existem estão na Noruega. Porém, quando fui testá-las, não gostei do resultado, ou seja, estou trabalhando em soluções para melhorar o desempenho desses veículos e adaptá-los à minha necessidade.

Sincodiv-SP Online: Utilizar os produtos que fabrica faz diferença?

Amyr Klink: Pelo fato de utilizarmos os equipamentos fica muito mais fácil de ter ideias melhores quando sentamos para projetar. Não é uma coisa simples ou barata. Questionar mesmo o que gosto também é uma forma de pensar sempre em soluções.

Não posso esconder, nesse ponto, uma admiração que tenho pelo universo automotivo. A quantidade de tecnologia que se consegue colocar dentro de um veículo terrestre, produzi-lo em massa e a um preço relativamente baixo (por conta da produção em larga escala), é incrível. A regularidade da reposição de peças e todo o processo organizado nessa área é sensacional.

Entretanto, impressiona também a falta de criatividade e de como o automóvel, hoje, dentro de alguns padrões tecnológicos, é ultrapassado e uma máquina de desperdiçar energia (pois a maior parte da energia gasta por ele é para carregar seu próprio peso e não de uma possível carga ou passageiros).

O sistema de suspensão, por exemplo, há 50 anos funciona da mesma forma. A área automotiva teria de ser mais responsável e sustentável (em todos os seus braços, não só o ambiental).

O design está muito amarrado ao que se julga que o mercado quer, mas o “mercado” é um tanto cego. Ele não sabe o que quer até que apareça algo novo. Olhando a vertente de equipamentos eletrônicos e de informática, é preciso testar, arriscar. De repente surge um cara com ideias novas e corporativamente “irresponsável” e lança algo que vira padrão em menos de um ano. Ainda não apareceu o Jobs (Steve Jobs) do automóvel!

Acho interessante manter um espírito crítico e ver daqui 20 anos, por exemplo, alguém conversando e dizendo “lembra de quando usávamos aqueles veículos antigos que pesavam toneladas…” (risos). É um cenário altamente inspirador, um convite a mudanças.

Sincodiv-SP Online: Como fica a relação com a família em meio a tantas aventuras? O que acharia se elas seguissem o rumo do pai?

Amyr Klink: Adoro ir para locais difíceis e complicados, mas não pela complicação em si, mas pela beleza, por conhecer, etc.

Adoro ir à Antártica tanto quanto gosto de ir até a Santa Efigênia (rua paulistana com forte comércio eletrônico). Eu não procuro aventuras, gosto de viajar com conforto e confiança, de uma maneira pela qual eu possa chegar quando eu pretendo e voltar quando eu quiser.

Hoje eu posso fazer isso com minha família. Minha alegria é viajar com minha esposa e filhas para a Antártica, por exemplo, mas não quero que seja uma aventura (no sentido de perigo) para elas. Tem de ser algo prazeroso. Faço por curiosidade e cada vez com um objetivo diferente.

Sincodiv-SP Online: Você é um narrador de suas viagens, com livros publicados.

Amyr Klink: Existem muitas pessoas que passam por experiências incríveis com o intuito de filmar, escrever ou transformar em qualquer outra mídia comerciável. Eu acho válido, mas não gosto disso.

No meu caso, como falei, conheci as embarcações através da literatura. Foram duas paixões que se encontraram nos meus livros, mas sem nenhum objetivo comum por trás disso.

Já realizei algumas viagens fantásticas que nunca vou colocar em livros, ou mesmo escrevo coisas que não pretendo publicar. Por outro lado, algumas de minhas histórias viraram obras escritas por conta de situações engraçadas ou curiosas.

Eu gosto muito da língua Portuguesa e sou exigente quanto ao seu uso. Existem alguns livros que tenho escritos e que nunca vou publicar porque não estão bem escritos (risos). Aqueles que publiquei foram porque acreditei que estavam bem redigidos. Novamente, a questão da literatura e da navegação são paixões distintas que se encontraram, mas eu adoraria escrever sobre “o que eu não fiz”, ficção mesmo.

Sou um pouco contra essas pessoas que pensam em realizar uma viagem ou algo qualquer não porque querem de verdade, mas para se aproveitarem disso depois em livros, palestras ou o que quer que seja. Vivemos uma era de superexposição, em que tudo é feito para ser visto e não por alguma vontade que temos dentro de nós.

De que vale uma “autobiografia” feita por um escritor fantasma (ghost writer), por exemplo? Se você é um navegante, reme antes de pensar numa palestra. Começar uma coisa pensando em outra não dá certo. É típico de quem vai “morrer na praia”.

Sincodiv-SP Online: Você tem uma relação intensa com o meio ambiente e vê de perto o que as pessoas de grandes metrópoles às vezes não enxergam. Na sua visão, o que está acontecendo?

Amyr Klink: Eu muitas vezes convivo com a natureza de maneiras muito particulares, mas creio que hoje, nas grandes metrópoles, existe uma consciência ambiental e até mesmo um convívio profundo com a natureza.

Claro que o contato direto com o meio natural é reduzido em São Paulo, por exemplo, mas a população de grandes cidades é mais consciente quanto ao cuidado do ambiente, mais até do que as populações rurais eu diria. Onde algo falta por assim dizer, o cuidado é maior.

As gerações mais jovens das grandes cidades têm uma consciência imensa a esse respeito. O que eles não têm, ainda, é poder para mudar, é capacidade de ação, mas que vão adquirir normalmente conforme crescem.

Temos de ter cuidado com essa questão ambientalista. Preservar o meio ambiente e acompanhar de perto o uso que dele se faz é uma coisa, mas não se pode cair numa exaltação de tempos primitivos, por assim dizer. Gosto da natureza, mas não abro mão do conforto que a civilização traz. Além disso, se pensarmos em eficiência de moradia e mobilidade, as metrópoles alcançaram façanhas imensas em relação ao número de pessoas que comportam.

Acho que o grande problema, em São Paulo, por exemplo, é que ficamos tampando buracos da mobilidade urbana quando existem questões mais sérias a serem pensadas. O problema é que transporte dá visibilidade aos políticos, então se torna um assunto primário.

Sincodiv-SP Online: Quais mudanças são demandadas?

Amyr Klink: Falta planejamento e visão. A educação sofre de falta de investimentos, só pra citar algo importante, mas como é um setor que tem um ciclo de maturação de cerca de 15 anos. Ninguém investe porque não é imediata em termos de resultados.

Os políticos não conseguem (ou não querem) raciocinar pensando daqui 20 ou 30 anos, o que faz com que lá na frente a situação esteja crítica e a conta seja mais cara.

Assim, as soluções buscadas acabam sendo burras. Por exemplo, ao invés de pensar em um carro elétrico de grande autonomia, ouve-se falar em motores elétricos ou híbridos de 300 cavalos de potência (risos), o que não faz nenhum sentido nas grandes cidades.

Sincodiv-SP Online: Você parece estar agarrado a valores tradicionais que pautam sua vida, mas não abandona um espírito ousado. Como inovar sem abandonar seus princípios?

Amyr Klink: O grande mérito do meu trabalho hoje é justamente buscar inovações, mas de maneiras muito simples, o máximo possível. Isso é alcançado porque pensamos a partir de valores e conhecimentos tradicionais.

Sincodiv-SP Online: Você já realizou muitos feitos, incluindo diversas expedições para a Antártica (cerca de 15). Hoje, qual é o desafio que ainda quer superar, e existem novos projetos vindo por aí?

Amyr Klink: Estou trabalhando atualmente em alguns projetos na área de estruturas habitáveis flutuantes para escolas, hospitais, postos de saúde, hotéis, áreas de lazer… É um segmento complicado, uma vez que a formação de engenheiros não é muito voltada para esses tipos de estruturas, e mesmo as questões de licenciamento para construções em áreas preservadas e próximas a mangues são difíceis.

Estamos estudando novos materiais para tais estruturas. Apesar de em muitos lugares não termos essa tradição, na Amazônia é muito comum essa cultura. Normalmente se usa a madeira assacú para estruturas flutuantes, mas estamos achando alternativas com o poliestireno expandido, concreto e um pouco de aço, eventualmente. Isso porque aqui no Brasil as plataformas flutuantes têm de suportar mais peso do que em outros locais, porque construímos nossas casas com tijolos, cimento e etc., ao contrário de uma alvenaria leve, como nos Estados Unidos, por exemplo.

Quando pensamos num projeto, temos de levar tudo isso em conta (durabilidade, capacidade, normas) e ainda falta legislação nessa área. Porém, acredito que quando surgir uma legislação sobre estruturas flutuantes, ela estará muito próxima do que o que fazemos atualmente. Alguns desses projetos estão sendo desenvolvidos no estado do Rio de Janeiro, mas meu maior desafio é conseguir construir essas estruturas sem a necessidade de estaleiros, uma vez que não é todo lugar que permite o acesso de gruas, guindastes e etc.

Fora isso, planejo continuar com minhas viagens à Antártica pelo menos uma vez ao ano; e, junto com a Marina (Bandeira, esposa de Klink) investir na educação das nossas três filhas. Esse é o maior e mais longo desafio (risos).

Sincodiv-SP Online: O Sindicato fala aos distribuidores de veículos de todo o estado de São Paulo. Se tivesse de mandar uma mensagem de motivação e um conselho a tais empreendedores, quais seriam?

Amyr Klink: Em primeiro lugar gostaria de me desculpar por ter falado um pouco “mal” do conceito do carro (risos), mas acredito que sejam críticas válidas, pois para quem vive desse negócio, é importante estar com o olhar bem aberto para o futuro, pois ocorrerão mudanças pesadas.

É um processo lento e leva tempo, mas os concessionários estarão diretamente envolvidos nele, portanto devem estar ligados.

Quem está no setor automotivo deve trabalhar porque gosta e porque entende do assunto. E, os distribuidores devem ter noção do seu importante papel, pois a indústria é cega. São os concessionários que têm o contato direto com o consumidor e chances de notar demandas e oportunidades de negócios. A indústria depende do olhar desses empreendedores.

Sincodiv-SP Online: Por fim, muito se fala da situação brasileira quanto aos aeroportos e etc., mas e quanto à navegação? Qual a sua visão sobre os portos de nosso país?

Amyr Klink: Tudo o que conhecemos de problemas rodoviários e dos aeroportos, da falta de estratégia e investimento em infraestrutura, acontece ao quadrado no setor náutico. Nós podemos chamar todos os governos e administrações de incompetentes por essa situação, mas olhando como um investidor privado. É um cenário interessante.

O Brasil está cheio de problemas nesse sentido e há muito a ser feito, mas nossa preocupação não é tão alarmante quanto à de uma Espanha, por exemplo.

Bem ou mal ainda estamos melhores que eles, e isso porque, naquele país, tudo o que podia ser feito para a melhora dos portos já foi feito e a situação é drástica. Por aqui, temos um cenário ruim, mas ainda com capacidade de expansão, inovação e melhoria, desde que haja vontade e investimentos.

Há um trabalho enorme a ser feito em infraestrutura, conscientização e mudanças culturais. O licenciamento para obras deste tipo é complicado e, apesar da legislação há anos prever projetos avançados com espaço para ampliação, governadores e políticos corruptos fizeram vista grossa e muito do que se construiu em rios e etc. foi feito sem esse planejamento. Vai dar mais trabalho para consertar lá na frente do que teria dado para fazer certo desde o início, mas existe espaço para melhora.

O Brasil tem uma questão geográfica difícil de não ter áreas muito profundas para embarcações grandes, mas nem todos os locais com vocação natural para porto foram exploradas e as regiões rasas podem ser trabalhadas. Ou seja, existe solução para tudo, desde que haja boa vontade.

A iniciativa privada tem cumprido parte desse papel, mas falta uma postura mais ativa do governo. Assim como na questão da educação – que deveria ser tratada como um assunto bélico, com melhor remuneração de professores e valorização dos alunos –, é algo que leva tempo. O pouco conhecimento técnico do Ministro escolhido para essa área assusta um pouco, mas algo já está sendo feito, uma vez que já se admitiu que a situação está precária.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Entrevista realizada e redigida por Renan De Simone, editada por Juliana de Moraes. Publicado pelo site do Sincodiv-SP Online em agosto de 2012.

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