Renan De Simone

Ambiente instável pede criatividade. Design Thinking é técnica que propõe inovação por meio de perguntas-chave (julho/2015)

À instabilidade regulatória do setor de energia, somou-se a crise econômica. E, neste contexto complicado, lideranças se depararam com problemas que, juntos, apresentam um cenário desafiador tanto para a gestão da operação, quanto das equipes profissionais.

Em seminário promovido pela HSM Educação Executiva, Jeanne Liedtka, professora e pesquisadora da Universidade de Virgínia (EUA), falou sobre a técnica Design Thinking, considerada um instrumento para auxiliar na inovação, criatividade e resolução de problemas.

Ela demonstrou algumas ferramentas para auxiliar os líderes e suas equipes rumo a um novo pensamento frente aos desafios. “Eles, os gestores, devem ser catalisadores, termo da Química que significa agentes que causam reações. Fazem as coisas acontecerem porque têm a mente preparada”, afirma Jeanne.

De acordo com ela, isso significa que o líder necessita de uma mentalidade voltada para o aprendizado, repertório e empatia. “Podemos resumir o processo como: Pense, saia e pesquise, crie, tente, volte, conserte, mude”.

Perguntas melhores que respostas

O Design Thinking proporciona uma maneira melhor de se questionar para obter respostas, soluções e inovações que sejam mais eficientes do as formas de atuar já conhecidas.

“É uma estratégia para desenvolver o diferente”, diz, com quatro perguntas fundamentais: O quê é? E se? O que “impressiona”? O que funciona?

O quê se refere à questão fundamental, que vem em primeiro lugar: o quê se quer? Desenvolver algo, inovar, resolver um problema? “Mantenha-se mais tempo pensando sobre o contexto do problema do que sobre a solução. Pesquise, tente identificar a verdadeira natureza da situação.

E se diz respeito à reunião de possibilidades. Essa segunda pergunta é o gatilho para o pensamento, produção e organização de ideias por meio de reuniões com as diferentes partes que serão envolvidas na questão.

O que “impressiona” se localiza da intersecção de três círculos: o que o se quer, o que se pode criar e o que a estrutura pode sustentar.

O que funciona será respondido por meio testes e conceitos em cenários reais. “Teste as ideias em cocriação. Experimente e analise”, recomenda.

O problema das certezas

Tradicionalmente, as pessoas são treinadas para não errarem. “Aprendemos a ficar quietos se não tivermos certeza do que falamos, nos ensinam que não devemos mostrar ignorância e isso que nos impede de avançar”, enfatiza Jeanne, apontando para a necessidade de se correr riscos diante da necessidade de inovar.

Crises e o enfrentar de limites

Para a especialista, em tempos de crise, precisamos ser muito criativos. “Pensar em possibilidades dá esperança. Seja criativo para vencer limites, não aceite passivamente”, recomenda.

“Poucas empresas dão o espaço para pensar de maneira diferente, você, líder, terá de lutar na maior parte do tempo para inovar”. É o que uma pesquisa, apresentada por Jeanne, com cerca de 70 executivos bem-sucedidos mostra.

“Para os líderes comuns, barreiras são sinais vermelhos, mas para o Design Thinking são indicadores de onde colocar suas energias”.

Os profissionais que participaram do estudo afirmaram, inclusive, que o ambiente onde foi possível inovar dentro das organizações foi proporcionado por seus superiores, que os protegeram, em determinada medida, do resto da empresa. Ou seja, como líder, para inovar, seu papel é o de prover um ambiente em que isso seja possível, mesmo que às vezes tenha de assumir riscos.

Cinco pontos para o sucesso

Para finalizar, Jeanne indica cinco caminhos para se obter sucesso na criação de ideias e solução de problemas.

1 – Permaneça na pergunta por mais tempo, não corra direto para a solução. Viva a pergunta e a resposta aparecerá. Na maioria das vezes, as pessoas não concordam nem sobre a natureza do problema. Não podemos partir para a solução diretamente.

2 – Procure um terreno que seja ótimo, não se satisfaça com a solução que “incomode menos” a todos. Ache aquela que melhor atende aos critérios do problema.

3 – Faça a curadoria, seja um filtro. Se um museu exibisse todas as obras de um artista ao mesmo tempo ele se tornaria desinteressante. Selecionar é pegar o que há de melhor. Se houver muitas opções, as pessoas não conseguem se decidir.

4 – Empolgue todo o seu time com uma ideia e use a energia criada para pensar em como tirar as barreiras da frente! Só depois se afaste para escutar com atenção e distanciamento.

5 – Fique à vontade com o vazio. Você não precisa falar ou estar à frente o tempo todo, deixe espaço para os outros contribuírem.

A arte no trabalho e o trabalho da arte

“Não se apresse em acabar. Um trabalho em construção é mais emocionante que um acabado. Muitos artistas definem completar uma obra com matá-la. Não tenha pressa para isso”, encerra Jeanne.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Juliana de Moraes. Publicado pelo site do SindiEnergia Comunica.

Para acessar a publicação original, clique aqui: http://www.sindienergia.org.br/noticia.asp?cod_not=2665