Renan De Simone

Quando o menos é mais na comunicação corporativa (outubro/2010)

A comunicação é parte indissociável de uma empresa que funciona alinhada, com planejamento e ritmo de trabalho claros e objetivos. Entretanto, para que os diversos canais de comunicação existentes sejam bem utilizados, a mensagem também deve ser transparente e direcionada, o mesmo ocorre no contato pessoal entre os líderes e seus colaboradores.

As lideranças das organizações têm a seu alcance diversos canais para comunicar, passar instruções para a realização dos processos nos diversos setores da empresa e, muitas vezes, utilizam todos eles ao mesmo tempo. Tal medida não é ruim, desde que observado o bom senso.

Escutei já, por diversas vezes, colaboradores reclamarem que não sabem o que fazer por falta de instruções adequadas de suas lideranças, mas é verdade também que já escutei o oposto, colaboradores que se perdiam nos processos pelo excesso de informações vindo da liderança. Ou seja, não se comunicar é extremamente prejudicial, mas “falar demais” também atrapalha, e os gestores precisam estar atentos para essa questão.

Ser transparente não significa falar tudo, nem tudo ao mesmo tempo, mas é ser objetivo, conciso e sóbrio, comunicando as informações certas e suficientes.

Quem trabalha, estuda ou estudou Comunicação sabe que, muitas vezes, “menos é mais”, ou seja, informação em excesso tende mais a atrapalhar do que ajudar quem as recebe. Nesse caso, quanto menos informação (desde que seja correta e direcionada) melhor.

Muito dessa questão tem a ver com personalidade. Os gestores, por definição, são pessoas que precisam, na maioria das vezes, ser bons ouvintes. Entender situações da empresa, problemas de seus colaboradores, pequenas situações cotidianas. Tudo isso exige alguém que saiba absorver tudo muito bem antes de falar. Analisar cada caso e situação é fundamental.

“Falar demais” pode indicar insegurança da parte do gestor. Insegurança em suas próprias atitudes ou em sua equipe. Quando as coordenadas são repetidas e colocadas de maneira exaustiva, ou o gestor ainda não tem certeza de que aquela é a melhor forma de agir ou não confia o suficiente em sua equipe e quer detalhar tantos os processos que dá a entender que apenas ele pode resolver as questões. Além disso, ao se comunicar com o meio externo à empresa, falar demais pode indicar enrolação e a tentativa de se esconder problemas. Por isso, cuidado!

Transparência e comunicação aberta é uma coisa, mas exceder em transmitir coordenadas e explicações, e repetição exaustiva é outra.

Excesso de informação confunde a comunicação e o ciclo existente nesse sistema (emissão, recepção, compreensão da mensagem e feedback) sofre uma falha, um ruído, um gap (ou seja, uma lacuna deixada nesse processo).

Tomar decisões, estar disponível, aberto para conversas, tirar dúvidas e se utilizar de todos os meios disponíveis para se comunicar com seus colaboradores e parceiros faz parte das competências dos dirigentes das organizações, assim como transmitir mensagens exatas, precisas e que permitam determinada liberdade de ação para que os processos não se engessem dentro e fora da corporação.

Levado tudo isso em conta, o uso os vários recursos de linguagem e canais de comunicação estabelece e ajuda a empresa a se alinhar e caminhar em sintonia. Neste sentido, traz mais foco, mais transparência, mais criatividade e produtividade. É o mais pelo menos!