Renan De Simone

O custo do talento para as empresas – o mito das estrelas (novembro/2011)

“Não se pode contratar o sucesso de sua empresa. Desenvolver pessoas ainda é o melhor jeito de transformar sua organização”.

A afirmação é de Boris Groysberg, diretor do Programa de Gestão de Talentos da Harvard Business School, que palestrou durante a Expo Management 2011, evento promovido pela HSM Management, na capital paulista.

Para o especialista, a maioria das empresas ainda está presa demais ao mito do talento, ou seja, acreditam que contratar estrelas ainda é a solução para sua organização, seja para crescimento ou correção de problemas. “Vemos empresas e líderes que creem demais na portabilidade da performance, o que pode ser um erro, especialmente por não considerarem todos os custos envolvidos para que um processo como esse funcione”.

De acordo com Groysberg, é possível, sim, transferir estrelas de uma empresa para outra e conseguir manter seu desempenho, entretanto, essa costuma ser a exceção à regra.

Experiências e ambiente

“Os líderes acreditam que estão contratando apenas cérebros, mas na verdade, o que está em jogo são pessoas, que vêm com experiência, relacionamentos, costumes e etc. Mudar alguém de ambiente e esperar o mesmo desempenho observado anteriormente é uma ilusão”, afirmou.

O especialista demonstrou, através de dados, que as pessoas apresentam uma variação de desempenho interessante, que está diretamente ligada à organização anterior, quando trocam de empresa.

Segundo a análise, profissionais que vêm de organizações de porte semelhante à que acabam de entrar, demoram quase dois anos até alcançar, no novo local, o desempenho que tinham no anterior.

Os dados são mais favoráveis, porém, quando os contratados vêm de empresas de menor porte que a atual.

“Por uma questão de esforço e percepção de crescimento, profissionais demonstram melhor desempenho quando vêm de empresas menores do que aqueles que vêm de organizações de mesmo porte ou maiores que a atual. Assim, dê uma chance para aqueles que estão ‘crescendo’ e eles farão muito por sua empresa”, completou.

Contratar

O que caracteriza uma estrela? Essa é a pergunta simples que todo líder deve se fazer ao pensar em contratar o que ele acredita ser um talento.

Estrelas geralmente têm bons relacionamentos, funcionam bem num grupo de pessoas e em um ambiente específico. São raridades aqueles profissionais que atuam sozinhos e que se adaptam a qualquer ambiente.

“Quando quiser contratar um talento sozinho, pense se é possível recriar o ambiente adequado para o desenvolvimento dele”, aconselhou Groysberg. Ainda de acordo com ele, é também pela questão do ambiente que contratar equipes de pessoas que atuam juntas funciona melhor que membros sozinhos. “Quando contrata uma equipe, está contratando a confiança, trabalho conjunto, etc.”.

Além disso, Groysberg ressaltou que pesquisas feitas pela universidade em que atua mostram que contratar uma estrela para um projeto inovador, geralmente, não funciona ou os resultados ficam muito aquém do esperado. “Eles precisam ser inseridos no cotidiano primeiramente”.

Integração

Parece absurdo, mas muitas empresas, disse o especialista, ainda não têm nenhum tipo de ação sobre a integração de seus funcionários novos.

“Elas apostam na ‘integração natural’… isso significa que, naturalmente, ninguém vai fazer nada”, brincou ele, acrescentando que é preciso que haja uma previsão de investimentos da empresa para a integração de funcionários.

Custos e apostas

Se um talento nem sempre é uma promessa do desempenho esperado dentro na sua empresa, se precisa de investimentos em integração, criação de ambiente adequado e, muitas vezes, da contratação de uma equipe inteira (para acompanhá-lo), e se não costuma funcionar bem quando colocado para um trabalho pioneiro, quanto custa, afinal, contratar uma estrela?

“Sob este ponto de vista não parece caro investir na formação de pessoas dentro de sua organização”, encerrou Groysberg.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Juliana de Moraes. Publicado pelo site do Sincodiv-SP Online.