Renan De Simone

Energia Eólica conquista espaço na matriz e ganha competitividade (maio/2015)

O Brasil vem crescendo constantemente em sua capacidade instalada quando o assunto é energia eólica. Em 2012, o país ocupava o 15° lugar no ranking mundial nesse quesito e saltou para o 10° em 2014, sendo o 4° país que mais cresceu no período.

De acordo com Elbia Silva Gannoum, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), esse crescimento se deve, em especial, aos leilões regulados que ocorreram nos últimos anos. “De 2009 para cá presenciamos também uma redução no custo do MWh, que foi de R$200,38 em 2009 para R$137,76 em 2014; mostrando como a fonte é competitiva”.

Elbia esteve em apresentação junto a Francisco José Arteiro de Oliveira, diretor de Planejamento e Programação da Operação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), no II Encontro Brasileiro de Regulação do Setor Elétrico, realizado recentemente na capital.

Qualidade do vento e Projeções

Oliveira destaca que a matriz é a maior em termos de expansão e que os principais parques de geração de energia eólica estão no Nordeste, apesar do Sul também ter representatividade. “A matriz eólica deve chegar a cerca de 11% da capacidade nacional em 2019”, coloca.

Segundo Elbia, esse crescimento se dá pela qualidade do vento brasileiro que “é um dos melhores do mundo, forte e constante”. No Nordeste, os ventos têm velocidades de até mais de 8m/s e constância de 70%; enquanto que o Sul apresenta constância de 45%. “Onde nosso vento é mais ‘fraco’ ele supera os ventos europeus, temos uma fonte renovável, limpa e com preços competitivos”, ressalta.

Entraves

Os maiores problemas encontrados até então apontam em duas direções. De um lado a falta de incentivos mais fortes para as fontes renováveis, que não encontram subsídios. E, de outro, questões técnicas que exigem a participação da geração eólica no controle de frequência e controle de tensão do sistema integrado, elementos complicados devido à intermitência da fonte.

“Estamos inclusive tentando adiar a realização de um leilão por esse motivo. Das sete empresas no país habilitadas a fabricarem os dispositivos necessários para essa integração, apenas uma consegue realmente atender os requisitos para tanto”, conta Elbia, “o que impossibilitaria o fornecimento adequado dos dispositivos em tempo hábil e tiraria competitividade de cena”. Ela comenta que a exigibilidade de alta taxa de nacionalização dos componentes é outro entrave, ao menos, temporário.

Intermitência e previsão

Se por um lado a energia gerada pelo vento é limpa e barata, por outro é intermitente e não há controle sobre o recurso. Para Elbia, este fator é compensado pelo benefício que traz. “Só em 2014 deixamos de lançar 3 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera e abastecemos cerca de 6 milhões de casas”, conta.

Oliveira é claro quanto à intermitência desse tipo de geração, mas destaca que a solução para isso é melhorar as ferramentas de previsão e que, na medida em que crescem os parques eólicos em uma região, a intermitência diminui.

“O importante é poder ter previsibilidade, hoje conseguimos previsões de até 48 horas que são bem precisas. Acreditamos que podemos chegar num máximo de uma semana de previsão, garantindo uma boa antecipação de geração”, destaca.

Ganho nacional

Segundo informações da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a matriz eólica já é responsável pelo abastecimento, em média, de 2 a 2,5% da carga brasileira de energia.

Pensando nas questões sazonais, esse número tende a aumentar já que “de julho a dezembro, quando há um período de seca nas hidrelétricas da região Sudeste, os ventos do Nordeste são melhores”, pontua Oliveira, o que indica que, com investimento certo e aumento dessa matriz, poderia haver um equilíbrio dessas fontes no abastecimento de energia brasileiro no longo prazo.

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Texto de Renan De Simone; edição e revisão de Juliana de Moraes. Publicado pelo site do SindiEnergia Comunica.

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