Renan De Simone

Especial Responsabilidade Social: AES Tietê na conscientização ambiental e Eletropaulo na reciclagem + Sub (março/2014)

Dentro do complexo contexto de ações que fazem parte do projeto de responsabilidade da AES no Brasil, a AES Tietê trabalha com alguns projetos específicos dentro das Campanhas de Segurança, como o de conscientização e informação para a população sobre os riscos de se nadar ou tomar como área de lazer os reservatórios da companhia.

Para minimizar os riscos é feito um trabalho com as escolas do entorno, que são convidadas a visitar a empresa e receber informações de prevenção. Também são realizadas campanhas em mídia impressa e em rádios locais para minimizar acidentes. “Tudo isso nos leva ao indicador de que desde 2009 estamos sem registros de acidentes na área”, comemora a gerente de Sustentabilidade e Gestão da Marca da AES, Luciana Alvarez.

Inclusão social

“Uma das mais recentes ações da companhia é em parceria com a prefeitura de São Paulo e com o governo federal por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego). Dentro desse projeto, estamos capacitando pessoas para trabalharem como leituristas para a empresa. Atualmente, temos sete moradores de albergue trabalhando e esse número tende a aumentar já que mais pessoas estão em treinamento e processo de contratação”, coloca Luciana.

Segundo conta, as histórias dessas pessoas são diversas. Um deles é um peruano que, ao chegar ao Brasil, sofreu agressão e foi roubado, sobrando apenas como alternativa ir morar nas ruas. Outro deles era um jovem que se envolveu com drogas, perdeu-se por um tempo e depois procurou reabilitação. De volta a seu estado consciente, adentrou o programa e agora trabalha para a companhia. “O trabalho é uma oportunidade, uma porta de reentrada para a sociedade, uma chance que todos agradecem e abraçam”, completa ela.

Incentivos

Entre os projetos inovadores que também abrangem o meio ambiente, Luciana cita o “Recicle Mais, Pague Menos”. Seu foco é no desenvolvimento sustentável das comunidades, com olhar para a economia. O funcionamento é simples.

“Os clientes interessados se cadastram num dos pontos de coleta da AES Eletropaulo e recebem um cartão personalizado. Ao levar os resíduos recicláveis separados para o local do container, eles são pesados e precificados, segundo tabela praticada pelo mercado, e a soma é registrada em um terminal eletrônico. Este envia a informação para a distribuidora de energia. Os clientes recebem um comprovante com o valor que será abatido em sua próxima conta de energia elétrica.”

Ainda de acordo com a gerente de Sustentabilidade e Gestão da Marca, não há limite para o desconto, portanto, se o valor dos resíduos superar o valor da conta, o crédito restante vira desconto na fatura seguinte. “Já tenho informações de que cerca de seis clientes conseguiram abater 100% de suas contas de luz”, explana. Já foram disponibilizados mais de R$8 mil em descontos pela distribuidora.

Até o início de 2014, já eram cinco pontos de coleta no estado de São Paulo: um em Barueri e outros quatro na capital.

Investimento

A companhia trabalha com indicadores que mostram o resultado do trabalho feito com cada público. Apenas a título de exemplo, um desses indicadores é composto por conversas com os profissionais das escolas e análise de notas dos alunos que participam dos projetos da AES, sendo este um dos caminhos para entender a evolução dos jovens.

De acordo com o relatório de Sustentabilidade da AES Brasil, ao todo, em 2012, foram R$147,85 milhões em investimento social privado. Desse total R$37,15 milhões com recursos próprios e R$110,65 milhões incentivados. Só a AES Eletropaulo foi responsável pela aplicação de R$121,55 milhões desses investimentos. O relatório com o balanço de 2013 também mostra que os investimentos seguem a passos largos, de acordo com Luciana Alvarez.

O ganho verdadeiro, no final, segundo ela, é investir na sociedade e gerar valor compartilhado. “A empresa quer ter resultado e compartilhar com os demais públicos”, afirma, e completa citando Stephan Schmidheiny, “não existe empresa bem-sucedida numa sociedade fracassada”.

SUB – Especial Responsabilidade Social: O que a AES faz pelas pessoas. E como as pessoas enxergam a companhia

 

No município de Lins (SP), havia uma criança muito calada, tímida, introspectiva, que havia sido afastada da guarda dos pais e estava com problemas para se sociabilizar. Não queria se expor ou falar muito com colegas ou pessoas do entorno. Pouco tempo depois, após aulas de teatro, o mesmo garoto se torna comunicativo, trabalha bem em time e chega a ser conhecido como “o palhaço do grupo”. “Numa de suas apresentações, inclusive, ele se comunicava apenas com uma corneta, mas nós riamos e entendíamos tudo o que ele estava querendo dizer, e muito tinha a ver com a própria vida dele”.

A Amanda era uma menina que duvidava de si e de sua perspectiva de vida, como se não houvesse um caminho a ser seguido. Ela duvidou que conseguiria fazer uma faculdade, mas foi ajudada e apoiada. Hoje, ela cursa Letras na USP (Universidade São Paulo) e voltou para a “Casa” para dar aulas de reforço para as crianças melhorarem sua atuação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

As aspas do primeiro parágrafo são de Luciana Alvarez, gerente de Sustentabilidade e Gestão da Marca da AES. E a “Casa” citada pouco a frente se refere às CCC (Casas de Cidadania e Cultura), projeto desenvolvido e mantido pelas empresas do grupo AES Brasil.

As histórias contadas estão conectadas com o trabalho de Responsabilidade Social da AES Eletropaulo e Tietê, empresas do grupo AES Brasil, e são um pequeno extrato dos milhares de resultados alcançados com o trabalho de socialização, aulas de teatro, música, palestras, cursos e etc. que acontecem dentro das CCC.

Como já podemos notar, a Responsabilidade Social não é mais um tabu para as grandes empresas, ao contrário, é parte do conceito de sustentabilidade e valores que elas disseminam por meio de suas atividades. A preocupação econômica, com o meio ambiente e com a sociedade está toda num único pacote.

Pensando em mapear as boas práticas das empresas e compartilhar ideias motivadoras, o SindiEnergia inicia, em 2014, uma série especial de matérias com as empresas do setor na área de Responsabilidade Social. E você acompanha a primeira delas a seguir.

Narrativa

Raphael Lima, aos sete anos de idade, começou a frequentar a Casa de Cultura e Cidadania da Vila Guacuri, em São Paulo. Lá ele passou a estudar Teatro, Artes Plásticas e Artes Circenses, disciplina essa que suas irmãs já cursavam dentro da CCC. “Lembro com carinho de boa parte da infância que passei frequentando a Casa. O lugar lembra um porto seguro ante a realidade dura da periferia onde vivia”, conta ele, hoje com 28 anos.

Ele lembra que as vagas na CCC eram muito concorridas e que foi sua mãe quem batalhou para que ele conseguisse entrar e frequentar o local – duas vezes por semana. Ali, teve aulas gratuitas de diversas artes. “As aulas me ajudaram a perder a timidez, a moldar meu senso de responsabilidade com relação à vida e a entender o que encontraria lá fora. Respeitar o próximo, ter objetivos na vida e acreditar nos sonhos eram temas sempre abordados em conversas, além de cumprir horários e tarefas que tínhamos de entregar no prazo estabelecido. Esses ensinamentos me deram uma base mais sólida para enfrentar as mais diversas situações”.

Raphael foi um dos estudantes que vislumbrou uma nova perspectiva a partir de sua convivência e estudos no local. Interessado em pessoas, ele hoje é analista de RH (Recursos Humanos). Como Business Partner das Diretorias Regionais I e II, que equivale a 60% da AES Eletropaulo, ele é responsável pelos assuntos relacionados à área de RH, e dá apoio e sustentação na formulação das estratégias.

“Atuo ainda como responsável pelos Indicadores do RH São Paulo e na revisão de processos da área, participando diretamente da gestão sindical (Negociação de Acordos Coletivos) e também como responsável da gestão do programa de Menor Aprendiz da AES Eletropaulo”, diz orgulhoso.

Ele conta que se decidiu por trabalhar na empresa por sua passagem pela Casa de Cultura e Cidadania, “que me ensinou que precisamos aproveitar as oportunidades e acreditar nos nossos sonhos”, afirma. Raphael sempre teve um carinho enorme pela AES Eletropaulo, pois a empresa, como mantenedora da Casa, ajudou, não só a ele, mas a muitas pessoas, a não optarem por um caminho errado, mostrando que existem oportunidades para pessoas de origem simples.

E ele completa, “trabalhar na AES Eletropaulo é um sonho realizado e um orgulho, pois além de me dar a oportunidade de trabalho, ela tem sido uma facilitadora para que eu consiga ajudar outras pessoas e dar a elas a mesma oportunidade que tive. A minha admiração pela empresa só cresce”.

A história de Raphael exemplifica como os investimentos sociais privados podem se tornar uma “corrente do bem”.

Casas de Cidadania e Cultura

A AES Brasil tem diversos projetos que se encaixam em sua definição de sustentabilidade, mas a menina dos olhos da empresa é, sem dúvida, as CCC. Estes locais atendem jovens, adolescentes e adultos em uma gama de projetos que abarcam cultura, esporte e educação.

“Elas são uma ferramenta de extrema abrangência e transformação, que é o objetivo final do projeto. Não pensamos apenas em capacitar profissionais para o mercado de trabalho, e sim modificar a visão que as pessoas têm de si mesmas”, conta Luciana.

Ela acrescenta que em projetos de dança, ginástica, música, artesanato, teatro e outros, eles passam a ter uma perspectiva diferenciada de suas capacidades e mesmo opções. “É um local de convivência e comunidade. Desde quando o jovem, o adolescente e até os adultos entram no local, podemos observar o impacto e mudança em suas vidas”.

A gerente de Sustentabilidade e Gestão da Marca da companhia informa ainda que o rol de atuação não só das CCC, mas de todos os projetos da AES Brasil na área de investimentos sociais privados ocorre com base em quatro pilares: educação, cultura e esporte; capacitação profissional; eficiência energética; e influência social.

É pensando nisso que também são oferecidas palestras sobre segurança e eficiência energética dentro das CCC, apesar de não ser o foco. “Na maior parte do tempo, dentro das Casas de Cidadania e Cultura, a energia elétrica e temas relativos são tratados como transversais, tocando as atividades, mas não sendo necessariamente apenas sobre isso”, especifica Luciana.

Luz e Lápis

No Luz e Lápis, por exemplo, o trabalho principal é realizado com crianças de idade entre 01 e 06 anos. Elas são de comunidades carentes ou estão em situação de risco social – que inclui diversas condições, como pais alcoólatras ou presos, moradores de rua, etc. O local funciona quase como uma creche, porém com um método construtivista.

A empresa é a mantenedora do Luz e Lápis há 25 anos. Luciana diz que muitas das pessoas que passaram pelo centro educacional (e até mesmo pelas CCC) voltam para tentar agregar ao projeto. “Existe uma ligação muito familiar com o local. Em 2013, uma moça que havia estudado há muitos anos no Luz e Lápis fez uma doação massiva de livros para a instituição. Atualmente, ela trabalha no banco Itaú, que tem projetos relativos à leitura e doação de livros, e ela indicou a nossa instituição para receber essa oferta”, afirma Luciana.

De acordo com ela, essa é uma das recompensas do trabalho, já que ele é visto de forma sistêmica e não individual. Quando perguntada a respeito do foco do trabalho social da AES Brasil (crianças, adultos ou adolescentes), ela responde que é de integração.

“O cuidado com a família precisa existir, senão temos uma visão conflitante. De nada adianta eu trabalhar com as crianças e jovens e, quando eles chegam em casa, veem uma realidade diferente e são desestimulados. Não podemos dizer que existe um foco entre crianças, adolescentes ou adultos. Digo, sim, que a visão deve ser integrada, o trabalho tem de ocorrer com todos para que seja efetivo. É uma visão sistêmica”, pontua.

Para ela, isso mostra a ideia de transformação, de criação de novas perspectivas. “Se você incentiva, ensina e motiva os jovens, mas eles encontram oposição dentro de suas casas, você pode ter o efeito inverso daquele impacto positivo que está tentando causar, por isso é que o trabalho também deve se estender a outros membros das famílias”.

Segurança e uso eficiente de energia elétrica

Para tratar desses temas específicos, a AES Eletropaulo conta com o Programa Consumo Mais Inteligente, que por meio de diversos projetos e ações, busca conscientizar sobre o uso eficiente e seguro de energia elétrica, e promover a educação ambiental. O programa contempla o AES Eletropaulo nas Escolas, Viva sem Acidentes, entre outros.

Ainda dentro dessa temática, são desenvolvidos os projetos: Transformação de Consumidores em Clientes – com foco em promover o acesso regular à energia elétrica –; e o Programa de Eficiência Energética, que substitui equipamentos por modelos mais eficientes.

Parece uma coisa simples regularizar as instalações dos clientes, mas isso significa muito mais do que parece. De acordo com Luciana, ao contrário do que se pensa, as pessoas não querem estar em situação irregular, e ficam muito felizes quando passam a ter conta de luz e entender seu funcionamento. “Em parte porque isso significa sair da clandestinidade, e também porque assim têm um comprovante de endereço”. Tal mudança não é pequena quando pensamos que este documento dá acesso a cadastros variados que vão desde crediários até facilidade de entrada no mercado de trabalho.

“Vemos que as pessoas nas comunidades atendidas se sentem mais cidadãs com esse tipo de mudança”, postula a gerente, acrescentando que uma visão sustentável é aquela em que a sociedade pode crescer juntamente com a empresa, e ambas observando os cuidados com o meio ambiente. “Não adianta nada eu ter uma empresa linda e maravilhosa dentro de seus próprios muros se ‘lá fora’ tudo for um caos, isso seria a receita do fracasso para todos”, completa ela.

Inclusão

No quesito capacitação profissional, a AES Eletropaulo abrange também o Banco de Eletricistas, realizado em parceria com Senai (Serviço Nacional da Indústria), Instituto Edson, IVC (Instituto Vital Correia) e Ipesp (Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo).

Este projeto recruta, seleciona e capacita pessoas para o quadro próprio de colaboradores da AES Eletropaulo e também de suas parceiras contratadas. “Já passaram pelo projeto cerca de três mil eletricistas, e praticamente todos foram absorvidos pelo mercado. A demanda desses profissionais é grande, em especial quando se tem formação e qualidade garantidas”, diz Luciana.

Energia do Bem

Este é o programa de incentivo ao voluntariado que ocorre dentro da AES Eletropaulo. A ideia é motivar os colaboradores a dedicarem parte de seu tempo para fazer boas ações e serem mais participativos, tanto dentro dos projetos sociais já desenvolvidos pela companhia como outros que os profissionais desejarem.

Os funcionários recebem até liberação de seus serviços dentro da casa para dedicarem algumas horas a este outro importante trabalho (no mínimo 4h/mês), além de participarem dos comitês que selecionam as instituições que receberão investimentos e contribuições da companhia. O projeto conta com campanhas como doação de roupas e agasalhos; adoção de crianças para serem presenteadas no Natal; entre outros.

“Trabalhamos em duas vertentes: Espalhando a Energia do Bem, parte que é movida pelas campanhas sazonais (Natal, agasalho, sangue, etc.); e Agindo para Transformar, parte que incentiva as pessoas a assumirem compromissos nos projetos já estruturados, como, por exemplo, um colaborador que gostaria de dar aulas sobre um assunto específico dentro das CCC”, explana Luciana.

Segundo ela, em 2013 a novidade ficou por conta da campanha de doação de sangue. “Foi tão bem aceita que tivemos de fazer duas edições no mesmo ano, pois nem todos conseguiram participar da primeira vez”. Ela conta que até o presidente do Grupo AES Brasil, Britaldo Soares, foi doar sangue.

E quanto ao Natal?, pergunta o SindiEnergia Comunica. “Uma correria danada! As pessoas reclamavam nos corredores porque, mal abrimos a campanha, praticamente todas as crianças já haviam sido apadrinhadas!”, relembra sorrindo.

Luciana reforça que esse tipo de adesão ao trabalho voluntário e diversas campanhas já fazem parte do cotidiano da companhia. Além disso, ela ressalta que os louros se devem também ao trabalho de comunicação feito internamente. “Nós praticamente passamos tocando bumbo pelos corredores para não deixar que esqueçam”, brinca ela.

Saiba mais! Leia também a segunda parte desta reportagem: AES Tietê na conscientização ambiental e Eletropaulo na reciclagem

Conteúdo produzido por Moraes Mahlmeister Comunicação. Entrevista realizada e redigida por Renan De Simone, editada por Juliana de Moraes. Publicado pelo site do Sincodiv-SP Online em março de 2017.

Para acessar a publicação original, clique aqui: http://www.sindienergia.org.br/noticia.asp?cod_not=1632&cod=134

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