Tenho um pouco de raiva desses restaurantes gourmet nos quais o prato de comida vem com uma história contada pelo garçom.
Acho o cúmulo do abuso do storytelling.
Sinceramente, se eu já cheguei ali e estou sentado fazendo meu pedido, não vou me impressionar se eu souber que a abobrinha que vou comer enfrentou rinocerontes selvagens e passou por dificuldades em sua vida comparáveis apenas às pessoas que vivem na Zâmbia!
E o garçom ainda tem a cara de pau de contar tudo isso com um ar de sábio, como se já tivesse nascido com esse conhecimento e nós fôssemos apenas uns estúpidos famintos que estão prestes a comer um elemento digníssimo sem dar-lhe o devido valor.
Passamos de clientes que queriam curtir um happy hour a uns imbecis que estão profanando a cenoura da Malásia.
Em vez de me aproximar da refeição e criar empatia com o local, esta técnica de traçar a epopeia de uma omelete com aspargos só tende a me irritar e me faz evitar voltar àquele local. Seja porque não tenho paciência para ouvir histórias quando tenho fome, seja pelo olhar arrogante do garçom com ares de Heródoto, como se nos falasse da gênese do mundo por saber que o sal rosa era do Himalaia.
No fim das contas, fico com o boteco que nos oferece aquele prato feito digno e saboroso como uma refeição quase caseira, aquele local em que as melhores histórias são das pessoas e não dos pratos: É inadmissível ter uma batata doce com uma narrativa de vida melhor que a minha!
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