Precisamos falar sobre 13rw – e sobre mim mesmo e todos vocês – Parte 11

Sobre o tempo, Clay e Hannah

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Resumo rápido: Hannah Baker se suicida. Ela é aluna numa escola do ensino Médio de uma pequena cidade e corta os pulsos numa banheira. Clay é o tipo de garoto gente boa, nerd meio solitário, mas um baita cara legal, apesar de lacônico. Ele já estava sofrendo com a perda da amiga Hannah, e quando recebe um pacote estranho, as coisas mudam.

Na verdade, antes de se matar, Hannah gravou uma série de fitas cassete explicando os motivos de seu suicídio, cada lado de uma fita é dedicado a uma pessoa “responsável” pela decisão da garota.

A série tem uma pegada mais lenta, as coisas às vezes demoram a acontecer, o Clay protela o escutar das fitas, ele para no meio e etc. E achei isso sensacional!

Acredito que estejamos numa era de dinamismo e velocidade e isso é bem legal quando precisamos nos comunicar rapidamente, mas isso não significa, ou melhor, isso não tem de significar que tudo deva ser rápido.

Continuamos humanos, demoramos a assimilar algumas ideias e sentimentos. E acredito que algumas histórias devam, sim, ser um pouco alongadas e até prolixas, para ir digerindo as coisas aos poucos (entendeu o tamanhão do texto dividido em infinitas partes ou parou antes?).

Sou jornalista e tenho de olhar algumas coisas com objetividade, mas nem tudo pode caber em um parágrafo apenas. Quando tentamos informar, tudo bem, pois deixamos, em tese, a reflexão para o leitor, mas quando tratamos de arte, seja ela qual for, alongar o tempo é permitido e delicioso, porque não estamos apenas jogando uma ideia, estamos martelando sobre ela e tentando revelar como pode ser complexa e intrincada. Esculpindo.

Olhando pelos olhos do Clay (a argila rs), se por um lado há a ansiedade em se saber logo os motivos da morte de Hannah (e dá para ler o nome dela de trás para frente igualzinho, olha que legal), por outro há o medo e a difícil digestão de algo do tipo “eu participei disso, alguém viveu e registrou esses acontecimentos pela sua perspectiva. Como sou, como é minha escola, como são meus colegas e amigos pelos olhos dessa garota?”.

Além do mais, são outros pedaços da narrativa que complementam aquilo que o garoto mesmo viveu. Ora, eu não sei vocês, mas se eu pudesse descobrir outras histórias que completam algumas coisas que eu vivi e me explicam fatos até então quase inexplicáveis, eu daria bastante atenção, independentemente da forma como a narradora se expressa.

Some-se a isso o fato de Clay ser um adolescente, fase em que muita coisa está rolando dentro e fora de si e quando as coisas mais simples têm uma importância gigantesca. E não falo isso por ter estudado psicologia, mas sim porque já fui (ou sou?) um adolescente…

Assim, o ritmo da série, para mim, foi adequado e gostoso, me transportou para outros tempos, obviamente guardadas todas as diferenças entre minha escola e a de Hannah. Nunca tive um armário na minha…

O fato de Clay ser mais calado também ensina muita coisa, em especial para mim.

Estamos muito barulhentos, falando demais, mas nem sempre de coisas que importam. Há pessoas que passam o dia todo discursando sobre uma comida, mas não percebem como estão se sentindo ou como estão seus filhos, parceiro/a, amigos. Dica: quando você se pegar falando de grãos de café por oito horas seguidas sem estar numa convenção do tema, repense as coisas e veja que talvez você esteja saturando um assunto porque está destruído por outro, escondendo sua dor, tentando se distrair de si mesmo/a.

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Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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