Quem sente, sabe. Quem não, preste atenção
Há dias e dias. Há aqueles em que você está ótimo, trampando, correndo com as coisas, tirando sarro dos políticos merdas do seu país, mesmo sendo pobre, com vários problemas e questões, mas está bem.
E então, de repente, há aquela variação clássica da ansiedade para a deprê, é uma coisa louca!
Nem sempre precisa de uma razão para ocorrer essa mudança pesada de humor quando estamos depressivos, e a ansiedade e o medo de sentir aquela angústia que já foi sentida antes causam mais angústia do que o próprio momento. É bem difícil.
Não sei quantas pessoas vão compartilhar do sentimento e ele provavelmente está atrelado a um monte de coisas em mim que eu nem decifrei ainda – e outras que já sei, mas não conto. O fato é que sinto uma angústia profunda só pelo fato de existir, de estar aqui (já disse isso, mas prometi ser prolixo rs) ao mesmo tempo em que há a euforia de querer aproveitar estar aqui..
Sabe o lance do tipo: se você não tem medo de morrer, faça a merda que você quiser. Não funciona muito, pois, sempre estamos com medo de julgamentos, mesmo quando não nos importamos mais com nós mesmos. Que estranho isso, não?
Preste atenção aos sinais porque eu aposto que existem muitas pessoas ao seu lado com essas variações de humor, ou você mesmo.
Isso não quer dizer que elas vão se matar, ou que você mesmo vai desistir da vida.
Entretanto, talvez esses sentimentos peçam uma reflexão mais profunda. Dizer “isso vai passar, é bobagem e etc.” não ajuda muito.
Minimizar uma dor é diferente de te proporcionar um olhar realista sobre as coisas para poder entender que problemas, angústias e dificuldades não são o fim do mundo, que as coisas têm jeito, mesmo que não os enxerguemos logo de cara quando envolvidos nisso tudo.
Quando esses sentimentos batem, ao mesmo tempo em que não quero fazer absolutamente nada, me esconder do mundo, sinto uma ansiedade intensa também de querer fazer tudo ao mesmo tempo, mas em vez de isso ser um motivador, se torna um elemento de trava e ressentimento com o mundo e comigo mesmo, por todas as coisas que eu não consegui realizar.
Infelizmente, sou obrigado a admitir que, seja pelas vivências, pelos traumas, pelas dores, pelas reprovações, frustrações ou sei lá mais o quê, há uma espécie de ressentimento generalizado no meu peito que retorna para me assolar.
Eu fui uma criança rancorosa até certo ponto e não me orgulho disso. Melhorei muito, verdade seja dita. Consigo, hoje, deixar muita coisa pra lá e me tornei uma pessoa bem mais tranquila – quem sabe seguindo um conselho de meu amigo da sexta série que dizia: relaxa e goza!
No entanto, essa sensação de ressentimento com o mundo persiste e fica retornando de tempos em tempos. Às vezes com motivos bem definidos, com frustrações cotidianas, cansaço ou momentos ruins. Outras vezes não há motivo aparente, o que me leva a lembrar de Freud e do mal-estar praticamente inato ao ser na, dita, civilização.
Todo mundo já perdeu oportunidades, todo mundo já passou por fases complicadas, todo mundo já teve sonhos que não se realizaram… No entanto, quando esses “fracassos” se tornam constantes demais e não há oportunidade para que você desenvolva suas habilidades, sobra um ranço com o mundo, e ele é grande, e ele se acumula.
E aí parece que nada do que eu fiz na vida valeu a pena ou mudou nada, e que minha presença só fez piorar as coisas, vejo tudo que tentei e deu errado e todas as vezes em que magoei as pessoas, e parece que minhas tentativas mesmo de ajudar, as conversas boas e francas desaparecem nesse redemoinho. A mente entra num ciclo bem pessimista e dramático e quer largar tudo, sumir.
É louco porque é algo que dói tanto e tanto que chega uma hora que para – lembram do que a Hannah diz no seriado? –, e você fica indiferente a tudo. Como um coração que acelerasse tanto que de repente interrompesse o trabalho como um todo.
Podia tanto e nada se realizou. Então a gente só quer partir…
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Muito boa reflexão Renan, sempre digo que pior que sentir medo e/ou tristeza é não sentir nada at all…