Precisamos falar sobre 13rw – e sobre mim mesmo e todos vocês – Parte 3

1ed4f80d16ab25537e9ae34660ef5802Pausa para fazer link com “atualidade”

E cito os jovens até para falar um pouco daquele lance do Baleia Azul. Não entrarei em detalhes, mas aquele jogo é uma consequência e não causa. Ele está em um estágio avançado.

Não é o jogo que mata, por maior que possa ser uma influência para a passagem ao ato. São tantas as circunstâncias que podem levar a nos matar que fica difícil elencar. E mais difícil do que elencar é julgar. Não façam isso!

Sem condenações, vocês não conhecem o coração alheio

O que quero dizer é que muita gente condena o suicídio, chama de covardia, fraqueza e mais um monte de coisa, mas eu enxergo de diferente forma. Obviamente que, quando falamos de pessoas muito jovens que simplesmente não consideraram todas as opções ou não pensaram muito a respeito e estão se deixando levar apenas por um impulso – intensificado pela ação de pessoas ruins (não vejo outro termo no caso do “jogo”) –, a morte fica feia, sem sentido, com a sensação de que muito podia e deveria ser feito.

Entretanto, quando é que estamos realmente maduros para tomar uma decisão como essa? Quando e como eu consigo provar pra alguém que simplesmente não estou mais a fim de viver, apesar de estar em plena consciência de minhas faculdades mentais?

Inclusive, as pessoas que dizem que o suicídio não tem “lógica” deveriam parar um pouco. Essa nossa vida afastada do natural e cheia de justificativas talvez contribua para alguém querer se matar.

Se o instinto de sobrevivência é algo tão intrínseco e natural, o quanto não temos de soterrar nossa natureza para uma pessoa chegar a esse ponto? Logo, sendo “lógicos” demais estamos, muitas vezes, incentivando mais o ato do que prevenindo-o. Principalmente quando diminuímos a dor do outro.

Lembra da “drama queen” da primeira parte do post? Pois é, há uma diferença entre te colocar os pés no chão ou mostrar que: dane-se o quanto você sofre, quem liga?

Assim, em alguns casos, vejo o suicídio como uma opção legítima, dependendo do que é buscado – apesar de ser sempre e invariavelmente triste.

Julguem, xinguem, é o que sinto! E não falo aqui como profissional de nenhuma de minhas formações, apenas como um ser humano que tem um coração que por vezes pulsa descompassado, identifique-se você ou não com isso.

Não dá para deslegitimar uma escolha sobre si mesmo. Se der, pare de gritar sobre o livre-arbítrio e a liberdade de escolha do indivíduo aos quatro ventos. O Estado de direito que beije a minha bunda, direito é você poder decidir sobre a própria vida.

“Ah, mas essa é uma decisão que afeta outras vidas!”. Novidade, meus queridos: toda decisão que você toma afeta gente pra caramba, se eu estou decidindo sobre minha vida, a decisão é minha. Como você vai lidar com isso já é uma questão sua.

“Mas aí é egoísmo”. E, por acaso, tirar essa escolha de alguém que está sofrendo e não quer mais estar nessa brincadeira toda não é?

Pois é… O que você pensa, afinal? Qual é o limite de interferência, de dor suportável, de não querer participar? Lembra do “não sou obrigado a nada”? E se eu também achar que não sou obrigado a continuar a viver, não nos termos que se apresentam e que não contemplam um algo mais profundo e que se conecte com meu ser?

Talvez o seu incômodo com a morte do outro seja sua imensa dificuldade em aceitar que você é finito, que você vai morrer e apodrecer como qualquer um, independentemente de ter bebido uma cerveja ou um café bom, é o seu incômodo com o fato de que aquela pessoa teve coragem de fazer algo que você não tem, porque é tão centrado/a em si mesmo/a que não consegue pensar e cogitar sua própria não-existência…

Quando você olha para alguém e diz de maneira veemente “não chore”, “não se mate”, em vez de tentar entender o que se passa, isso talvez não signifique que você se preocupa com a pessoa, mas que é um/a egoísta de merda que não tem estrutura para lidar com a dor do outro e prefere, então, fingir que está tudo bem.

O que está querendo realmente dizer é: “não me incomode com suas lágrimas, pois eu não as suporto, porque não quero me preocupar com você, porque estou ocupado/a demais comigo mesmo/a, me ludibriando para fingir que tudo o que faço é certo e perfeito e que estou e sou melhor que todos, que tenho as respostas para tudo. Não me mostre sua dor enquanto estou tentando disfarçar a vida vazia que eu levo e finjo ser importante”.

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Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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