PI*- A higiene que mata

*Pautas Improváveis – textos de uma ficção social

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“A higiene é um dos novos males que estão matando pessoas”**
A afirmação acima poderia parecer absurda para alguns, provavelmente dita por um louco que perambula pelas ruas.

Ela, na verdade, é de Carl Vanderbueck, cientista sueco com pós-graduação em infectologia em Oxford. Segundo o doutor Vanderbueck, nosso excesso de cuidados é um dos responsáveis pela perda de milhares de vidas ao redor do mundo todos os anos.

“Mais e mais pacientes morrem de câncer todos os anos e os tratamentos quase não surtem efeito porque o dano já foi causado anteriormente”.

Vanderbueck diz que seus recentes estudos e pesquisas mostram uma intrínseca relação entre higiene pessoal excessiva e o aumento da incidência de câncer.

“Escovar os dentes mais de 4 vezes ao dia, uso contínuo e nem sempre justificado de álcool em gel, super sabonetes antibacterianos, produtos de limpeza que eliminam 99,9% das bactérias, todas causas do aumento da incidência de câncer”.

O pesquisador defende que não são reações alérgicas aos produtos e nem as químicas ali encontradas. A causa da relação é muito mais objetiva. Ao matar a maioria das bactérias, o uso continuado desses produtos deixa o corpo vulnerável a si mesmo.

Dados do estudo revelam que a maioria das bactérias eliminadas por tais produtos não seriam maléficas nem trariam danos ao nosso organismo.

“Pelo contrário. É sabido que muitas bactérias ajudam nosso corpo em variadas funções, em especial nas relacionadas à digestão”, ressalta o especialista.

De acordo com ele, muitas bactérias cotidianas têm a função essencial de destruir parte de nossas células. E apesar do estranhamento que isso poderia causar, é algo bom. Tais invasores não são perigo para células saudáveis, mas eliminam as defeituosas. “É como esfoliar a pele morta, cortar as pontas dos cabelos, etc. É uma limpeza do organismo. As bactérias matam as células defeituosas e depois são eliminadas pelo sistema imunológico”, confirma.

Matar tais bactérias por um método de higiene exacerbada e, de acordo com o estudo, desnecessária, dificulta o processo de higiene de nosso sistema, que tem muito mais problemas em eliminar suas próprias células do que as bactérias. O estudo revela que o aumento de células defeituosas, não destruídas pelas bactérias, sai do controle e culmina em variados tipos de câncer.

“Mais de 7,5 milhões morrem de câncer anualmente e a incidência nem sempre se justificava por meio de métodos de vida não saudáveis, exposições a radiações, etc., foi o que me inspirou o estudo e descobrimos essa outra causa”, conclui o pesquisador, que ressaltou que o cuidado excessivo com crianças já as enfraquece desde cedo, não permitindo um sistema forte.

É preciso menos cuidado, ironiza ele, citando bactérias benéficas em lamas, terra e outros locais considerados “sujos”

Sujeira às vezes faz bem!

*Traduzido livremente do sueco

Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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