Renan De Simone

Pérolas

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Já me disseram que tenho uma memória boa, mas fico na dúvida sobre o que “boa” significa. Nem sempre lembrar de bastante coisa é algo bom, em especial se não houver seletividade.

Ontem antes de deitar, passando pelos canais da TV, parei em um programa de duvidosa efetividade para audiência. Um professor com um tique nos olhos ensinava a fazer equações de segundo grau e, mais interessante, explicava como aplicar os cálculos. Me interessei e assisti por cerca de 15 a 20 minutos àquele senhor e uma lousa de giz.

Meu forte nunca foi matemática, mas tive momentos de destaque na matéria quando jovem até perder o interesse, não deveria ter perdido. Adoraria dizer que minha memória é boa e que, ao assistir aquele senhor piscando o olho esquerdo insistentemente, eu me lembrei de toda aquela explicação e como aplicar… Não. Foram 15 minutos admirando o que ele sabia e eu não.

Daí lembrei dos tempos de escola e algumas pérolas surgiram em minha mente.

Como a do meu amigo que ficava inconformado que o xampu que trazia “cabelos secos” no rótulo mentia duas vezes. Primeiro você deveria usar com cabelos molhados, e segundo, ele não tirava oleosidade do cabelo, colocava mais. “Eu quero cabelos secos como está no rótulo”. Faltou uma preposição para alegria dele “para”.

Esse mesmo amigo uma vez apontou para o alto de um lugar e perguntou o que era aquilo. “É uma caixa d’água”, foi a resposta. E ele não estava brincando quando lançou de volta “que é isso eu sei, mas para quê serve? ”

Lembrando de matemática, uma amiga certa vez pediu ajuda com uma equação. Tive toda paciência de explicar e fazer os cálculos com ela até acharmos o valor de X. Foi quando lancei “entendeu?”. ” Sim”, ela devolveu “mas o que eu faço com o X?”. O cálculo todo era só para descobrir tal variável, quis xingar. Hoje eu lembro da situação mas não da equação.

As pérolas vão longe. Como na vez em que uma amiga de trabalho, voltando do almoço, disse estar cheia pois comeu uma “cuíca cheia de feijão!”. A menos que fosse um restaurante temático, acho que ela quis dizer cumbuca.

Um amigo que foi a um restaurante italiano adorou a comida que pediu. “Qual?”, ” um tal de guinochi”. Demorei para entender que era nhoque escrito na forma italiana (com GN no início).

Quando pensei nessas coisas ontem, ficou bem claro que eu não poderia lembrar direito das equações, minha “boa” memória estava ocupada com essas e outras situações muito mais divertidas, e talvez menos produtivas.

E você, ocupa sua memória com quais pérolas?

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