Sonhos despedaçados

DSC02590 – E se nada der certo?

– Como assim?

– Se não conseguirmos fazer tudo isso que planejamos?

– Não diga bobagens, nós ainda estamos na sétima série. Você vai ser um grande cineasta e roteirista, não tem nem 13 anos e já está com seu primeiro roteiro pronto.

– Isso não quer dizer nada. Só porque você não ganhou seu primeiro caso quer dizer que não será um bom advogado?

– Você entendeu o que ele quis dizer. Eu serei detetive!

– Ok. Temos um cineasta, um policial e um advogado. E você?

– Alma!

– Quê – exclamaram os outros três.

– Sim, alma! Não sei o que serei, mas guardarei seus sonhos em minha alma. Minha única pergunta é: se lá na frente nada der certo e nos tornarmos aquilo que não queremos, o que faremos?

– Viver uma vida indesejada? Eu voto em morrer. E você, detetive?

– Morrer! Você, advogado?

– Também.

– Que assim seja. Serei o mantenedor da promessa. Quanto tempo temos para realizar tudo isso?

– Acho que 30 anos é o suficiente a partir de agora…

Trinta anos depois, quatro corpos jaziam numa colina, no alto de um terreno próximo à casa de praia daquele que não se tornara o advogado.

De todos os sonhos despedaçados, sobrara a promessa sincera entre amigos verdadeiros. Descansem em paz!

Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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