E às vezes eu só queria ser um cara simples e desejar a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!
Mas não dá, como vocês sabem…
A verdade é que eu adoro as coisas simples. Entretanto, incrivelmente, é nelas que se concentra a maior complexidade. Para ser simples é preciso ser muito complexo. Porque quem é simples é porque contempla em si mesmo uma capacidade de concisão enorme. Um dom de resumo. Ser simples é dizer muito com pouco.
Fato é que complicar, ou melhor, complexificar as coisas é próprio da vida. Se a gente simplifica demais, sem ter o complexo por trás, o mundo perde a graça.
Para quê levantar se depois me deito, para quê comer se depois tenho fome, para quê me lavar se depois me sujo?
Tais perguntas são sem fim e, geralmente, sem resposta, mas todas contêm apenas uma: para quê viver?
Se levarmos em consideração o que alguns antigos dizem, a coisa não melhora muito. O aclamado sábio rei Salomão descreveu em Eclesiastes (livro bíblico a ele atribuído) algo como “nada debaixo do sol faz sentido”, mostrando que a vida mesmo, seja você bom ou ruim, não tem uma lógica definida.
Simplificando as definições, complicamos, atrapalhamos o viver.
Por que viver, afinal?
A resposta não é fácil de se encontrar e, provavelmente, deve ser dessas simples, cheias de complexidade por trás. Fato é que muito mais gente escolhe viver a morrer e, que me desculpem os contrários, eu prefiro acreditar na intuição da maioria (se o povo fala, ou foi, ou é ou ainda vai ser).
A vida tem uma magia incrível que move o que deveria ficar parado e nos faz levantar contra a gravidade. Viver é perigoso, disse Guimarães Rosa, mas eu completaria que é por isso mesmo que vale a pena.
É pelos seus mistérios, segredos, surpresas e indefinições que a vida vale. É pelo olhar dos seus queridos, de seu cão feliz ao te ver em casa, dos amantes ao luar. É pelo pôr do sol laranja e inspirado no fim de uma tarde quente. Até mesmo pelos problemas, desejos insatisfeitos e buscas incessantes… é por tudo isso e muito mais.
Assim, temos de viver a vida com todas as suas complicações, porque ser feliz não é estar alegre o tempo todo, nem num estado de inércia sentimental onde se encontra um ápice e dali vive-se. Ser feliz é poder rir, sim, mas também chorar. É saber que ficar triste é normal e saudável, que uma tarde nublada pode desanimar ou te dar vontade de dançar na chuva.
Ser feliz é poder viver seus sentimentos com intensidade, e compartilhá-los com aqueles que amamos. Ser feliz é poder estar sozinho, desesperar-se, ficar no escuro, mas também encontrar, aliviar-se e acender uma vela, ou mesmo ser a “luz no fim do túnel” de alguém.
Alguns predizem que o mundo acaba em 21/12/2012. Talvez os povos antigos tenham visto a verdade, talvez tenham ficado apenas sem espaço nas pedras, para continuar o calendário. Seja o quer for, aproveitem o Natal, o momento de festa e de repensar ações. Não se chateie de ficar triste num dia e alegre no outro. Como você saberia a maravilha do doce se não experimentasse o amargo?
E que entre o ano de 2012 com uma certeza. Pois, já que estabelecemos estes ciclos anuais, vamos aproveitá-los para nos renovar, lembrar e pensar, refletir muito sobre as coisas, brincar com o cotidiano e ficar sério às vezes.
Eu não acredito que o mundo acabe no próximo ano, mas se 2012 for o último de nossas vidas, que seja grande, único e, se passarmos dessa “para melhor”, que o “outro lado” tenha de se esforçar muito, mas muito mesmo para ser realmente “melhor”.
Que sejamos importantes para as pessoas que nos rodeiam, que amemos com o coração, unhas e sangue, que o choro doído machuque e que o sorriso, quando estampado no rosto, seja verdadeiro e iluminado.
Bem, o resumo disso tudo é o começo do texto: Um Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso! Eu só queria acompanhar estes votos de um conselho: a vida, por mais problemas que se tenha, vale a pena!
No final é simples, mas é bom complicar para reconhecermos o valor que tem cada pequena coisa de nossos dias.
Renan De Simone
A imagem é do banco stock xchng, do artista Dimitri Castrique
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