Carta

carta - outono Leia primeiro está folha para depois ver o resto! Leia tudo antes de rasgar, por favor!

Você deve saber quem te enviou isso, se não souber, tudo bem. Vai descobrir em breve.

Não me utilizarei de nomes nesta folha e você deve jogá-la fora assim que terminar de ler. Não estamos num de espiões, mas é para evitarmos problemas, afinal, sem esta carta, o envelope seguinte não passa de literatura barata e objetos sem nexo.

Não me pergunte o porquê e também não espero resposta para esta carta, só achei que você deveria conhecer esse sentimento mais a fundo. Achei que você tinha o direito de conhecê-los todos, mesmo que sejam ruins.

Eles não influenciam nada na sua vida atual ou futura. Quero que você os leia e veja por dois motivos: o primeiro é porque tenho certo orgulho deles, apesar de não terem muita qualidade, eu me esforcei.

O segundo motivo é o fato de você ter dado força para a construção deles em dois sentidos. Primeiramente você não deixou que eu desistisse, me incentivou, já faz tempo, mas você me falou que eu não deveria parar por ali, eu segui seu conselho, continuei. Em segundo, e não menos importante: você foi a inspiração base de tudo que está dentro do envelope. Você sempre é a inspiração maior do que me acontece.

Se Gwen Stacy foi algo triste para o Parker, foi também a que mais o ensinou a amar, com todo o seu ser, com toda a sua força, mesmo deixando-o no desespero da perda, como uma nova Julieta… Você me ensinou tais coisas, me fez sentir dessa forma, e duvido que eu queira outra tutora.

Venho aqui apenas como um amigo.

Te desejo sorte e tudo de bom que você merece. Acredite, estou dizendo, ou escrevendo isso, com um sorriso no rosto. Sei que não é muito normal esse tipo de coisa, mas eu nunca fui muito normal mesmo.

Eu só queria me despedir de maneira diferente e não sabia como. Não sei o que vai acontecer a partir de agora, mas tenho medo do meu futuro. Tudo ao que me acostumei nesses anos acaba agora e não sei como reagir, mas as surpresas não podem ser de todo mal. Como eu não consigo mais te contatar, vim dar tchau e boa sorte desse meu modo.

Quero te pedir que não conte a ninguém quem lhe enviou isto. Quero te dizer para não ter nenhuma reação fora do normal e, se isso for um incômodo pra você, livre-se destas folhas de maneira discreta. Tenho tantos pedidos…

Peço que, se não for atrapalhar, tente ler e ignorar os erros de grafia, pontuação…, minhas vírgulas mal colocadas são apenas lágrimas caídas de um olhar trêmulo que fitava o nada enquanto se despedia de ti por meio de letras. Tente entender tudo como uma viagem a outro lugar desconhecido, apesar da semelhança com a realidade.

Não quero que se ofenda por causa disso que estou lhe enviando, se ficar brava ou te prejudicar de qualquer forma, peço perdão, só queria me despedir de maneira inovadora.

As bases de tudo foram fortes e reais, mas tudo aqui não passa de ficção e ilusão trabalhadas, afinal, nossa vida é sempre um pouco disso. Os sentimentos reais se formaram em letras; dizem que não podemos desperdiçar nada.

Agradeço pela atenção e você já deve saber quem lhe enviou isto, é óbvio demais. NÃO venha até mim para dizer que sabe que fui eu. Sei que você é inteligente e já descobriu.

Volto a dizer que desejo muita sorte e felicidade. Tente encarar como diversão. Na verdade, eu queria que alguém com quem eu me importasse tivesse visto algumas coisas minhas e essa foi mais uma razão. Essa coisa de nunca se alcançar o que um dia se pretendeu dá uma sensação de perseverança e inspira as pessoas a continuarem, mesmo sem o que elas já quiseram um dia!

É difícil entender o sentido do nunca, mas a gente acaba se acostumando.

Depois de um querer singelo sobra um adeus não dito e um choro surdo e seco no peito, um resto de outono, uma noite sem sono. Espero que entenda. Foi legal e muito, quando precisar chame.

Destrua esta folha e, quiçá, em algum lugar minha memória permaneça em ti.

Um abraço de… você sabe

Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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