Maldição

Quem não é muito novo deve se lembrar… Algo que vi nesses dias me fez acessar aquele nosso arquivo mental, que provavelmente fica na nossa nuca, meio empoeirado, onde jogamos aquelas coisas que nos incomodam ou que não entendemos e decidimos não mexer mais. E foi desse arquivo que saíram alguns filmes.

Alguém já teve a sensação de se sentar na frente de uma tela, seja de cinema ou da TV de casa, assistir a algo durante cerca de duas horas e sair com a impressão de que você é a pessoa mais burra do planeta? Sim? Obrigado!

Temos o costume de nos acharmos estúpidos frente à algumas obras artísticas incompreensíveis (mesmo que tenham ganhado algum tipo de prêmio), ou mesmo a mania de achar que nós é que não entendemos muito bem a ideia quando, na verdade, você não deve ser o único a achar aquela obra ou produção uma porcaria. A realidade é que se muita gente não entendeu, é porque a linguagem não era clara.

Não defendo, porém, a obviedade, mas pelo menos que forneçam elementos suficientes para se entender a história, o que a obra quer passar, coisas assim. Eu sofro da síndrome dos incompreendidos… mesmo que quem não tenha compreendido tenha sido eu.

Em 1988 lançaram um dos filmes mais estranhos, cheios de efeitos e coisa e tal, mas nada chegou a explicar exatamente que diabos era aquilo. Estou falando de MOONWALKER, com o devorador de criancinhas, estreado por um artista pop muito famoso que quer representar todo tipo de etnia ao mesmo tempo.

O filme tem uma coreografia legal, os atores são péssimos, as danças entretêm por alguns minutos, mas só isso e robôs prateados não seguram um roteiro. Não é só porque classifica-se um filme de “musical” que ele perde totalmente o vínculo com a realidade e cronologia. Akira Kurosawa, em seu filme Sonhos, têm vínculos bastante peculiares com o real, mas mantém uma narrativa em oito tipos diferentes de filmagem, por assim dizer, takes bons, mas alguns…

Moonwalker é apenas um exemplo dos filmes toscos, onde gastaram muito dinheiro, e que não fazem sentido. Outro que me deixou confuso foi Mistérios e Paixões, de 1991, de um diretor até que bom – David Cronenberg. Esse provém de um romance já um tanto surreal, mas nem por isso precisava acabar com duas horas da minha vida.

O que impressiona é que, em Moonwalker, por exemplo, foram três diretores que não conseguiram fazer o trabalho de um (Jerry Kramer, Jim Blashfield e Colin Chilvers). Os outros podem ser perdoados, estavam sozinhos na direção, como Olaf Ittenbach que filmou Legião dos Mortos (em 2000).

No ano passado, fiquei bravo com uma amiga que me levou pra gastar dinheiro no Árido Movie, de Lírio Ferreira. Um filme com história principal secundária e histórias secundárias que nem histórias eram, uma tristeza. O roteiro de Árido Movie teve seis tratamentos diferentes até a finalização, só posso concluir que, ou trataram demais, ou faltaram mais umas quinze, mesmo com suas indicações a prêmios e etc… não me convenceu.

A única parte acertada é o nome, é realmente Árido, mas para se assistir.

Numa outra área, mas também na de filmes ruins, vem o tal de Deu a Louca em Hollywood, de Jason Friedberg e Aaron Seltzer. Dois dos que participaram do Todo mundo em Pânico fizeram sua obra em 2007: um filme sem graça, com piadas que até poderiam ser boas se mudassem as câmeras, atuações e, principalmente, o tempo. Não critico a história em si, pois filmes de comédia desse tipo que querem tirar sarro de todos ao mesmo tempo têm a triste tarefa de juntar piadas esparsas sob um roteiro frágil, nesse caso nem as piadas valeram a pena.

Estou com medo de colocar os pés no cinema ou locar um DVD (quem hoje em dia ainda aluga filmes com tanta pirataria?). Pra quem quiser tentar, boa sorte…

Ideia originalmente publicada no blog: pensologoeescrevo.blogspot.com – em 2007

Publicado por

RDS

Jornalista, escritor, metido a poeta e comediante. Adorador de filmes e livros, quem sabe um filósofo desocupado. Romântico incorrigível. Um menino que começou a ter barba. Filho de italianos, mas brasileiro. Emotivo, sarcástico e crítico, mas só às vezes.

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