(Imagem tirada de: http://yogablog.zip.net/images/silencio.jpg)
Eu estava lendo um texto do Jabor (o Arnaldo) e me lembrei de algo do passado. Uma vez defini a intimidade com certas pessoas através do silêncio que podia estabelecer com elas: se você consegue ficar em silêncio ao lado de uma pessoa sem se sentir constrangido, então você alcançou uma intimidade com ela. Ou, ao menos, conseguiu se identificar com ela de alguma forma.
Claro que não falo aqui dos silêncios abstratos dos ônibus ou qualquer coisa desse tipo, São Paulo tem a mania de fazer barulho, é uma cidade que grita tanto a ponto de nos deixar em silêncio. Mas quando estamos com alguém novo em nossas vidas ou ampliando o relacionamento com pessoas conhecidas, mas não íntimas, qualquer tipo de silêncio é um pouco constrangedor. Quando você ultrapassa esse limite, sente-se a vontade, confortável.
Ser íntimo de alguém é deixar que o silêncio fale um pouco por você e isso é algo necessário a se fazer, pois nem mesmo esse grito da cidade apressada pode abafar o silêncio da comunicação. Ficar sem dizer nada diz muito.
Jabor falou que não teve mais silêncios tristes com seu pai e isso mexeu comigo. Pensei o que poderia ser este silêncio triste, cheguei a conclusão que é um silêncio muito mais duro do que aquele que se tem entre pessoas que estão juntas num velório, por exemplo. Aquele silêncio é triste, mas, ao mesmo tempo, de cumplicidade, um silêncio amigo.
O silêncio triste é aquele no qual duas pessoas íntimas já não têm mais nada a dizer uma para a outra, não por alcançarem uma sintonia perfeita, muito menos por se entenderem pelo silêncio, mas sim porque algo morreu na voz e o constrangimento existe de qualquer forma, seja na voz muda ou na fala. Perde-se o silêncio do segredo e só resta o silêncio constrangido quando duas pessoas tornam-se novamente estranhas uma para outra.
Pior do que não conhecer alguém é não reconhecer mais aquela pessoa que esteve com você por tantos anos. Neste momento, até o próprio silêncio se cala e deixa de contar seus segredos.
Adorei! Muito bom mesmo!!
“…até o próprio silêncio se cala e deixa de contar seus segredos”. (gostei da finalização).
Beijos meu amor.
Emocionante seu texto. Como o silêncio é às vezes.